Não apenas no dia 20, data da Consciência Negra, mas todo dia é dia do aroma de dendê, um dos símbolos da culinária afro. O livro “Viagem Gastronômica através do Brasil”, do escritor Caloca Fernandes, cita: “Foi o azeite da palmeira – da polpa, não da semente – porque esta tem outros usos e nome – que deu a cor e o gosto às comidas afro-brasileiras, e definiu, inocuamente, a participação africana no nosso sistema alimentar brasileiro”.
O dendê de sabor e aroma marcante nos remete ao restaurante Akuaba, que há 21 anos trouxe não só as lembranças da Bahia, mas também a culinária afro brasileira, e, garanto, lá, ela não se resume apenas ao acarajé. Um dos pratos clássicos dessa culinária é Fufunha , postas de peixe frito no azeite de dendê, salada de quiabo e farofa de inhame. E fique fã da iguaria, porque assim como eu e muita gente quando chega ao Akuaba, pede logo acarajé ou as famosas moquecas.
Mas aposte no Fufunha. Segundo nossa chef Vera Moreira, esta receita tem todos os ingredientes da culinária afro: inhame, gengibre, dendê. E o prato é muito legal, as postas de arabaiana são temperadas apenas com sal, envolvidas em farinha de mandioca e fritas no azeite dendê, formando uma crosta bem apetitosa. O inhame é cozido, ralado, depois vai ao fogo pra ficar na textura de farofa, acrescidas minis lascas de gengibre. Show é a salada do quiabo, que não tem baba, é cozido e temperado com o vinagrete e, de tão bom, come-se sozinho.
Acarajé é o clássico do Akuaba, mas o Abará (acarajé cozido no vapor) é comida forte e saborosa. Para fazer a iguaria, a massa é temperada com camarão defumado, azeite de dendê e creme de cebola (natural, batido no liquidificador) e um pouquinho de gengibre. Enrolado na bananeira, é cozido no vapor e vem escoltado por vatapá, caruru e camarão seco. E claro a pimenta, outra tradição da culinária afro. No candomblé, o Abará é comida-de-santo, oferecida a Yànsán, Obá e Ibeji.
História – A chef Vera Moreira começou a cozinhar em sua casa, na paria de Guaxuma, mas o espaço ficou pequeno para os fãs das comidas tradicionais e o Akuaba mudou-se para Mangabeiras, atualmente Jatiúca e, assim, já são 21 anos do aroma do dendê na bela Maceió.
O empreendimento é familiar. O marido Osvaldo e a filha Aina, cuidam da gestão; Jonatas foi criado entre as panelas e, desde pequeno, cozinhava inspirada na mãe. Estudou na França, é um dos chefs da chamada cozinha criativa, onde os produtos alagoanos ganham requinte (assunto para outro blog).
Vera não estudou gastronomia, sua escola foi a cozinha tradicional africana com as mestras, sua mãe Antônia e a Tia Mariá.
Na cozinha os escravos reproduziam o cardápio basicamente português, mas já substituindo, trocando ingredientes, colorindo os ensopados com o vermelho do dendê, inventando variedades de moquecas; usando inhame, a banana cozida ou frita no azeite, recriando o caruru, o vatapá. Pratos novos com um sabor antigo – o que era deles – e um gosto que eles aprendiam”, Viagem Gastronômica através do Brasil”, do escritor Caloca Fernandes.
Os escravos escreveram uma história saborosa, libertou nossos paladares para pimentas, dendês, gengibre…
Muito axé, Vera Moreira.
Outros clássicos do Akuaba
Rota Akuaba
Endereço: Rua Ferroviário Manoel Gonçalves Filho, 6- Jatiúca – Telefone: 82- 3325 6199 | 3355 8005
Visits: 0
2 comentários
Vanessa Gonçalves
8 anos Atrás
Somos sortudos de ter em Alagoas um restaurante baiano com a qualidade e a tradição do Akuaba.
Família de gente de bem que com trabalho e amor ao que faz merece toda admiração e respeito.
Paz e sucesso sempre!
tania
8 anos Atrás
Delicia…..adoro o Akuaba!