Alguém se lembra da propaganda de uma criança, que repetia várias vezes, “compre Baton”? Eu estou assim. Só que em vez de chocolate (sou fã), mudei a campanha para “compre meu Livro” – Segunda edição do Guia da Gastronomia Popular Alagoana – da Editora Graciliano Ramos. A segunda edição, com mais 30 novos endereços, será lançado na próxima sexta-feira, dia 27, as 19horas, na Bienal Internacional do Livro Alagoano. Mas enquanto aguardamos sexta-feira chegar, eu escolhi as damas da gastronomia , mulheres simples, empreendedoras que dão sabor as nossas vidas.
Tia Marlene
Durante as minhas andanças, eu entrevistei mulheres as quais classifiquei de Damas da Gastronomia Alagoana porque, nas receitas de cada uma delas, têm histórias emocionantes. Uma, é “Tia Marlene”, alagoana do povoado de São Bento (Maragogi). Ela começou seu empreendimento com apenas R$ 10,00, nem endereço comercial tinha. Seguia de ônibus até Boa Viagem (Recife) para vender os famosos bolinhos de goma, de porta em porta e pela praia da capital pernambucana.
Foram anos pela estrada. Atualmente, dona de uma pequena fábrica em sua residência, os turistas e os alagoanos vão até lá para comprar as broas de goma e com direito de provar o doce de Maragogi com café coado na hora. Detalhe: no quintal da Tia Marlene, além da bela praia ao fundo, tem uma prensa de macaxeira para tirar o sumo do coco, usado na receita da broa, ressaltando que Marlene não adiciona água, apenas leite puro, amido e manteiga, o que torna o doce uma referência de Maragogi. Telefone: (82) 3296.7186
Peixada Marinete
Em Porto de Pedras, litoral Norte de Alagoas, na Peixada da Marinete, a estrela é a Fritada de aratu com a irreverente farofa de arroz. A alagoana começou a labutar aos oito anos de idade, quando nem alcançava ainda a boca do fogão e era preciso um banco para ela cozinhar nas casas de famílias de Maceió.
De volta para Porto de Pedras, Marinete montou um barraco na praia, que acabou virando um restaurante, e sua fritada de aratu é dos deuses. E há 48 anos a iguaria é única, recheio farto coberto por generosa camada de ovos de capoeira. Esse prato tem nos tamanhos pequeno, médio e grande, tanto na versão petisco como na versão almoço (nesse caso, acompanhado arroz,de feijão caseiro maravilhoso, farofa de arroz). E a simpatia da Marinete é cativante. Telefone: 99308.8589/ 993029163
Bar do Dorge
Já Marinalva trabalhou como cortadora de cana dos oito anos até os 30, depois foi merendeira escolar e, finalmente, se aposentou. A alagoana de Marechal Deodoro, do povoado de Malhadas, com apoio de seu esposo abriu o Bar do Doge, no quintal de sua casa. Marinalva conta orgulhosa que fizeram “das tripas coração” para manter os filhos longe do canavial e dentro da sala de aula. “Eu e meu marido, quando faltava dinheiro, a gente ia à lagoa pescar para alimentar os nossos filhos, a gente sempre lutou para eles terem um futuro melhor que o nosso”, lembra.
Futuro dos filhos foi garantido graças ao seu modesto restaurante, que só funciona nos finais de semana e feriados e, ressalte-se, é preciso ligar para saborear a tradicional galinha de mulher parida (com pirão). Porque para elaborar esse clássico prato, ela começa a preparação um dia antes. Receita de Marinalva: primeiro se condimenta a galinha apenas no tempero (cominho com pimenta do reino), alho, vinagre e sal. “Não uso tomate, pimentão e nem cebola, primeiro cozinho no fogo de carvão por mais de uma hora”, conta a alagoana que só trabalha com as aves criadas com farelo de milho e ração.
Em resumo, o estilo dela na cozinha é a leveza do tempero, comida farta e saborosa. Na receita das galinhaças, se o freguês desejar, pode encomendar a iguaria com sangue talhado. Telefone 99173-6630.
Pastel da Geo
Com 84 anos, cabelos brancos e sorrisos, a dona Gertrudes Wanderlei Araújo, ou simplesmente Geo, é de bem com a vida e sua felicidade é o tempero dos seus pasteis, sanduíches, coxinhas de galinha e dos maravilhosos sucos da própria fruta. Comida simples, mas são os recheios de carne do pastel e do sanduíche que há 29 anos conquistam estômagos e corações no bairro do Jaraguá (próximo à Policia Federal).
E justiça seja feita, todos os quitutes da Geo são ótimos, mas a carne moída tem um diferencial, ela é macia e vem misturada com purê de batata, cebola, pimentão e tomate verde (leva duas horas cozinhando), o que confere o sabor especial. Na panela da Geo não entra cominho. Aposentada dos Correios, ela não pensa em parar com sua modesta lanchonete. Cozinhar e atender são uma de suas alegrias de viver. Chegar aos 84 anos com alma de menina, mostra que a cozinha é mais que uma profissão, é uma relação de amizade e paixão com a vida. Telefone: 3231-1377
Tia Marlene, Marinete, Marinalva e dona Geo estão entre os 30 novos endereços do Guia da Gastronomia Popular Alagoana. São histórias saborosas, de mulheres simples que através da tradição na culinária mudaram suas vidas.
Rota Segunda edição do Guia da Gastronomia Popular Alagoana
Até sexta, dia 27, onde todos estão convidados para, às 19 horas, lançarmos a Segunda edição do Guia da Gastronomia Popular Alagoana – da Editora Graciliano Ramos, na Bienal Internacional do Livro Alagoano, Centro de Convenções, Jaraguá.
Preço: R$ 20,00 (valor promocional no lançamento da Bienal). Nas livrarias R$25,00 – Aceita-se cartão de crédito e de débito.
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1 comentário
Rafael
8 anos Atrás
Parabéns, Nide! Que esgote igual a primeira edição.