Vinda dos imigrantes italianos para o Brasil, no século XIX, a polenta é uma tradição da região sul, mas correu pelas panelas de várias cozinhas pelo país. Preparada com farinha fubá, manteiga e água, cremosa ou frita, vira acompanhamento para carnes e molhos. Mas coube ao alagoano Rodrigo Aragão dá uma recauchutada na receita e em vez de fubá, ele apostou no Flocão Coringa (marca alagoana) de cuscuz de milho, e deu certo.
A polenta alagoana é o acompanhamento da costelinha de porco, macia, temperada no sal e pimenta do reino. Para agraciar ainda mais o paladar, a costelinha vem com a maça grelhada que absorve o sabor da própria carne suína. Segundo nosso chef Rodrigo não tem mistério, é preciso dissolver a massa de cuscuz na água, leite e queijo.
A costelinha de porco com flocão alagoana é uma das boas novas do restaurante “Ôxe, comidas Nordestinas”. Antes era um food truck, mas os amigos Rodrigo e Felipe Jesus resolveram jogar âncora em terra firme na antiga Amélia Rosa. E assim novas receitas estão fazendo a cabeça e estômago de muita gente. Siga minhas dicas do almoço:
Vinho – Todo mundo é acostumado ao churrasquinho de coração de frango, ai surge Rodrigo com suas façanhas gastronômicas e inverte a ordem: o coração é cozido ao vinho tinto seco, com o toque de anis (muito leve). Muito primoroso. Para escoltar a guloseima, torradas e farofa de banana da terra na manteiga que rouba a cena.
Leve – O sarapatel feito por Rodrigo Aragão é no capricho, de sabor leve. Para fazer a tradição nordestina, ele compra os ingredientes separados (rim, fígado, sangue suíno) e tempera com sal; o segredo é a semente de coentro. Para acompanhar, farinha e uma cerva bem gelada.
Bifé – O filé de pernil de carneiro virou dupla de bife com molho reduzido de vinho, finalizado na manteiga do sertão, e vem com arroz com raspas de limão, mas bem leve no sabor.
Fique atento – os pratos acima são servidos apenas para almoço de sexta a domingo. Durante a noite, continuam em cartaz as comidinhas do café regional, como os caldos, tapiocas (destaque para a tapioca bordada) e o cuscuz.
Sucesso – O cuscuz recheado de queijo vem escoltado por peito de frango fatiado, charque, carne de sol e pedaços de calabresa acebolada. Este é um dos mais aclamados quando era Food Truck. O mix de carne é bem legal e combina com o cuscuz de milho. Dá para dividir para dois, e o café com leite é o tempero certo da noite.
Bandejão
Com uns 10 anos de idade, o Rodrigo fez suas experiências gastronômicas com os miojos, sempre acrescentando algo mais. Na adolescência dele, a família passou ser cobaia das comidas do jovem, bem na hora do almoço.
Mas a sua grande experiência foi no Encontro Nacional de História, tudo porque no segundo dia o fornecedor de quentinhas quebrou o contrato. O jeito foi improvisar. Os jovens conseguiram um panelão emprestado, fizeram uma cotinha e Rodrigo foi à luta no fogão. No cardápio, macarronada com soja para 150 estudantes e, segundo ele, não sobrou nada. Mas até hoje ninguém sabe o grau da fome da moçada, e assim o alagoano foi aclamado. Ao longo dos anos, o ex-professor de história aperfeiçoou o seu talento, que pode ser conferido no restaurante “Ôxe, Comidas Nordestinas”.
Rota Ôxe, Comida Nordestina
Almoço: R$ 19,00 até R$21,00 (prato individual)
Entradas a partir de R$ 12,00 – Aceita cartão
De terça a quinta das 17h até as 23h/ De sexta a domingo das 12h até as 23h
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1 comentário
Alejandro C. Frery
8 anos Atrás
Fui almoçar no Ôxe graças à sugestão de Nide. O local
é ótimo, o atendimento simpaticíssimo, a comida excelente e o preço mais do que correto. Vou voltar, e recomendo.