Falafel, comida típica egípcia de cor escura, polvilhada com gergelim e recheio verde, resultado da mistura do grão de bico com coentro, cebolinha, alho, sal e cominho. Assim foi meu namoro com a gastronomia do Oriente Médio em Maceió, tipo “Um relacionamento sério”, porque amo as comidinhas do mundo árabe.
Mas ninguém imagina, que na receita do falafel também tem o tempero da paixão de dois jovens, a alagoana Rafaelle Leite e o egípcio Mina Kadry. Eles se conheceram no computador jogando “MMORGB”, ficaram amigos, depois começou a paquera, namoro e o casamento por procuração, tudo no mundo virtual e sem falar a mesma língua.
A história de Rafaelle e Mina é digna do romance de Romeu e Julieta na era online, mas com final feliz. Porque tinha todos ingredientes para que desse errado: distância geográfica, culturas opostas, idiomas diferentes, mas a paixão venceu. E a cidade ainda ganhou o food truck “Falafel do Egito” de comidas bem legais com temperos e sabores Oriente Médio.
A amizade entre Rafaelle e Mina começou no ano 2006, mas eles só se encontraram pela primeira vez em 02 de fevereiro de 2012, no Aeroporto Zumbi dos Palmares e, já casados, trocaram beijos, abraços e alianças. Ele falava inglês, ela apenas o “Yes” (sim), mas o amor, milagrosamente, traduziu as palavras.
Durante quatro anos, ambos recorreram a tradução do “Google”, que não é muito rigorosa e gerou alguns mal entendidos. Rafaelle tinha fé que ele amava frutos do mar e ele nem pode comer por ser alérgico. Mina, por sua vez, achava que sua namorada era mãe solteira. Mas Nem a confusão no Google abalou a paixão online.
A Família de Rafaelle, no começo, achou o casamento virtual uma loucura, e ainda dizia em bom tom: “Se ele for terrorista?”. A alagoana não arredou o pé da ideia de se casar e correu atrás de toda a burocracia para se unir ao amado por procuração. Seu pai Robson Luiz foi o procurador. O pedido do casamento virtual foi antes das festas juninas de 2011, e no dia 29 de novembro casaram.
Vida a dois – Culturas e tradições diferentes. No Oriente Médio casal não se beija em público. “Eu atacava beijos e ele achava esquisito. Foi meu maior problema, mas aos poucos foi aceitando. Primeiro um selinho”, conta a alagoana.
Para aprender português, a mãe da Rafaelle, Rivera, foi a professora e acabou dando certo. Primeira barreira, a dos idiomas, sumiu.
Mas o que comer? Alérgico aos frutos do mar, a pizza de calabresa foi a primeira paixão e a própria alagoana aprendeu a receita italiana e agradou o paladar do egípcio. Feijão preto e feijoada caíram nas graças do amado. “No Egito, não tem feijão preto”, conta Rafaelle. O que ele reprovou foi a macaxeira.
Como gastronomia tem a linguagem universal do amor, Mina ensinou a amada as tradições da cozinha egípcia, com grãos de bico, carne de boi, curry, pimenta preta e, em comum, cominho e coentro. No Egito, a carne suína é um item quase escasso porque na religião islâmica o porco é considerado impuro, mas, em compensação, ele ensinou a amada a fazer o “Shawarma”, sanduiche no pão árabe com cubos de carne, batata frita e salada.
A diferença está no modo de fazer a carne, primeiro ela é marinada no iogurte com cebola roxa por 30 minutos na geladeira, e depois temperada com sal, pouco vinagre e, por fim, frita. No Egito, as carnes são grelhadas ou fritas e nunca cozidas. O sabor e maciez da carne são ótimos, o pão é leve – adorei o sanduíche! Para acompanhar, o molho de alho.
As comidinhas egípcias já têm publico cativo, e o food truck foi o presente do marido para Rafaelle. “Na cultura do país dele, os homens devem ser os provedores, e quando ficamos desempregados, ele resolveu comprar o food truck para a eu ter meu próprio negócio”, lembra a alagoana.
Como Mina estava há quatro anos sem ver a família, aproveitou a indenização para voltar pro Egito no ano passado. Agora, empregado no segmento de informática, é a vez da amada viajar ao encontro dele no Egito.
“Estou com muita saudade, a gente se completa, a vida sem ele não tem graça”, diz Rafaelle, que no final de julho vai passar um ano no Egito, e já avisou: “Vou comer de tudo!”. Seu sonho é aprender a fazer o pão egípcio e outras receitas como a carne no limão. “Ele fez esta receita, e adoramos. É uma receita da família de Mina, só que ele escreveu em árabe. Assim que chegar ao Egito vou aprender e enviar a receita para minha irmã colocar no cardápio do food truck”.
Outra receita em cartaz no food truck é Quesadilla, esta apimentada é o pão árabe com cubos de frango temperados com curry e pimenta preta, azeitona, milho e salada. Este é o sabor apimentado da paixão do casal.
Quando Rafaelle viajar para Egito, sua irmã Rosane assumirá o comando. Elas nunca tinha vendido comida, e, para dar certo, virou Micro Empreendedora Individual, fez todos os cursos do Sebrae e recebeu total apoio da família, seu pai Robson, Nayanne ( irmã mais nova), Carlos Augusto (cunhado), mãe Rivera, enfim, todos adicionaram mais sabor ao sonho do casal.
Na receita do amor de Rafaelle e Mina, tem carinho, sinceridade e muitas pitadas de respeito às diferenças de cultura. “Ele tem defeitos e qualidades, mas é meu príncipe”, conta a alagoana sobre sua história de paixão que ultrapassou o mundo virtual.
Amor temperado com sabor do Egito é uma linda história para compartilhar.
Rota Falafel do Egito
Sanduíches com pão árabe a partir de R$12 até R$ 24,00 – Aceita cartão
Ponto do food truck no Alagoinhas. Telefone: 99600.2839
Funciona de quarta a domingo, a partir das 18h até o ultimo cliente
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4 comentários
raul
8 anos Atrás
Uma bela materia Nide querida. Parabens !!
beto braga
8 anos Atrás
muito boa a matéria, parabéns! encheu meus olhos de lágrimas pois passei 2 anos na companhia diária no trabalho com o mina, Rafa e ele formam um lindo casal, e o mina é um cara de coração enorme e que sonhava muito em colocar algo que as pessoas tivessem a oportunidade de conhecer um pouco da cultura gastronomia do seu país.
Simone Cavalcante
8 anos Atrás
Fomos lá e conferimos, Nide. Uma ótima pedida o Falafel!
Vanessa
4 anos Atrás
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