Todo sábado, no Akuaba, tem ostras frescas para os fãs dos moluscos poderem saborear com prazer e sem medo, já que para chegarem à cozinha do restaurante da família Moreira, elas passaram pelo processo de depuração (limpeza) na cidade de Coruripe. E as ostras são maravilhosas, seja apenas no sal, limão e azeite, ou num molho mais caprichado. São como um manjar do mar e das lagoas.
Comer ostra (crua, grelhada, ou cozida) de sabor forte e marcante e, como dizem, afrodisíaco. Mas o legal é saber que as “Ostras Depuradas” são um projeto da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), juntamente com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), que implementaram uma unidade de depuração em Coruripe para que o molusco com selo de qualidade seja, de fato, fonte de renda e emprego para os cultivadores da iguaria.
O projeto do IABS também conta com o apoio do Sebrae, Governo do Estado (Seagri) e prefeitura de Coruripe, atende mais de 100 famílias na Barra de São Miguel, Barra de Camaragibe, Coruripe, Porto de Pedras e Barra de Santo Antônio. O grande desafio é ampliar o mercado das ostras na hotelaria e restaurantes. Além do Akuaba, primeiro restaurante que abraçou o projeto, o Hotel Jatiúca, Lopana, restaurante Macuípe (Barra de São Miguel) e Village Barra Hotel (Barra de São Miguel) também irão adicionar ostras depuradas ao cardápio.
A convite do IABS, visitei o projeto em Barra de São Miguel com direito a trilhar pelo mangue, por sinal, ótimo roteiro de turismo comunitário que começa no povoado Palatéia. Lá coloquei os pés na lama para seguir na canoa até o cultivo de ostras em mesas. O cenário é bonito.
Depois de visitar o cultivo, seguimos para unidade de Depuração de Ostras, em Coruripe. O final feliz foi saborear as ostras no restaurante Macuípe na volta à Barra de São Miguel.
Personagens – José Nino nasceu na Vila Palatéia e adora comer ostras cruas, temperada apenas com azeite, sal e limão. Ele faz parte das 100 famílias que cultivam os moluscos. Há 10 anos vive da ostra, mas com projeto das ostras depuradas, e seu trabalho rende mais de um salário mínimo. Nino explica que a ostra vem da natureza, dela nasce filhotes.
Cada mesa comporta 1.200 sementes. Seis meses é o tempo ideal para o consumo, quando o tamanho do crustáceo chega a 8 cm. “Minha vida mudou com as ostras. Antes vendia apenas na Barra. Agora, com o projeto, vendo muito mais”, diz Nino, que além de cuidar das ostras com carinho, nas horas vagas adora pescar tainha, robalo…
Depuração – Quando as ostras chegam à Coruripe elas são conferidas as quantidade (por associado), depois passam por uma lavagem externa, mede-se as três dimensões delas para acompanhar o padrão do molusco.
O próximo passo é colocar nos tanques de depuração com capacidade para 2,2 mil ostras. Elas ficam lá por aproximadamente 48 horas antes de serem comercializadas. Imersas na água do mar filtrada, tratada com luz ultravioleta, cloração, filtração, oxidação com baixa concentração de cloro, eliminando, assim, os riscos de contaminação por bactérias, vírus e outros microrganismos que são comuns nesse produto, evitando os riscos do consumo.
As ostras alagoanas são espécie nativa, cultivadas no mangue, na água salobra (encontro com o mar). Elas resistem bem no verão e o índice de mortalidade é pequeno, apenas 3%.
Segundo o analista do Instituto, Marcela Pimenta, o conceito do projeto é amplo, envolvendo desde a questão da sustentabilidade ambiental, o padrão de qualidade sanitária do produto, um modelo de negócio social e a inclusão produtiva dos moradores. Até o mês de maio deste anos, mais de 112 mil reais já foram distribuídos para a comunidade, por meio do programa que originou também a construção de um modelo de gestão comunitária e subsidiou estratégias diferenciadas que melhoraram a comercialização e a inserção do produto nos mercados turístico e gastronômico.
A ostra ainda conta com alta concentração de proteína, contribuindo para manter os sentidos aguçados. São suaves e levemente doces quando coletadas do fundo de manguezais e de gosto mais acentuado do que aquelas oriundas do mar.
As ostras depuradas também podem ser vendidas ao público. Mas é preciso fazer reserva. Recentemente, o chef Wanderson Medeiros adicionou ostras fresquinhas e depuradas pelas mulheres de Barra de Camaragibe num buffet de casamento. Uma feliz ideia.
Rota Ostras Depuradas
Akuaba no dias de sábado – R. Ferroviário Manoel Gonçalves Filho, 6 – Jatiúca- (82) 3325-6199
Restaurante Macuípe nos finais de semana – Villa Niquin, Barra de São Miguel
Em breve no Hotel Jatiúca, Lopana e Village Barra Hotel
Onde comprar: Comunidades Produtoras pelo telefone: 82 3313.4130/ 99835.1528
Visits: 11
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1 comentário
Rui
8 anos Atrás
Qual o preço da iguaria lá no Akuaba?