Quando criança, a alegria de Vitor Generoso, conhecido como Vitrola, era correr pelas mesas do Divina Gula. Assim, literalmente, o alagoano cresceu entre as panelas, aromas e fogões do restaurante dos pais mineiros. Ele seguiu os passos do mestre, seu pai e chef André, e depois de se formar no ano passado, pelo Institut Paul Bocuse – Lyon, na França, tornou-se o mais novo chef da casa.
Antes mesmo de ter o diploma na mão, o chef Vitrola se entregava à cozinha do Divina Gula, não apenas para comer, mas também pela sede de aperfeiçoar o talento herdado. Ainda como estudante na França, de férias em Maceió, no evento da Casa Cor, criou a versão brasileira do francês creme brulé. Em vez do creme de leite, ele usou o doce de leite de Minas Gerais (Viçosa) e adicionou pedrinhas flor de sal, uma maravilha! De tão bom, entrou para o cardápio do restaurante.
Maravilha: versão brasileira do francês creme brulé com doce de leite (Viçosa) de Minas Gerais
Agora, o nosso Vitrola, no dia próximo dia 7 (terça-feira), às 20h, no Divina Gula, vai dividir as panelas, temperos e conhecimentos com o chef estrelado Emmanuel Ruz. Será um jantar francês com duas entradas, prato principal e duas sobremesas. O cardápio terá ingredientes da terra e do mar, como lagostins, bacalhau, filé suíno… Promete surpreender o paladar.
O Divina Gula “francesou” apenas por uma noite. Como diz a seguidora do meu blog, Cassia Omena: “Olha só! Paris em Maceió… Parceria Divina!”.
Vitrola com o chef Pedro Miguel do restaurante peruano Malabar
Trajetória
Para o menino arteiro virar chef de cozinha, foi como uma brincadeira, Ele começou na cozinha do Divina Gula cortando legumes, batatas, sempre por perto, ajudando o pai. Por lá, foi driblando os fogões como numa partida de futebol. Mas coube ao pai, o chef André Generoso, tirar o Vitrola da reserva e escalar para a seleção do Festival da Gastronomix em Curitiba, no ano de 2010.
“Foram dois dias de festival. Preparamos 640 pratos no primeiro dia e 830 no segundo. Depois do trabalho pesado, me perguntou: é isso o que você quer? Disse sim”, recorda Vitrola. A experiência do jovem de 16 anos foi essencial para entender que não bastava o amor pela cozinha, porque nem tudo é glamour. São horas em pé, suportar o calor, fazer tudo certo, todo dia, para os comensais.
Olha o Peixe! Cozinha não é glamour é muito trabalho, como tratar um peixe e muito mais
Com a experiência da cozinha do Divina Gula, Vitrola partiu para Lyon. Primeiro para estudar o idioma francês, uma das exigências para ingressar na gastronomia. Depois, as provas escrita e oral e a entrevista. Aprovado, começou a estudar numa sala de aula com 27 jovens de nacionalidades distintas. Em comum, tinham a vontade de aprender a arte da culinária francesa, considerada a melhor do mundo.
Lá, ele aprendeu as técnicas, base e tradições da cozinha francesa, bem como as novas tendências e sofisticação da gastronomia. O estágio na França é renumerado, contudo o restaurante quem escolhe é o Instituto. Como por lá a caça é liberada, aprendeu a trabalhar carnes exóticas (para o Brasil). “Tudo tem quer sair perfeito, foi muita pressão, porque o restaurante do Guia Michellan, não pode perder estrelas”, lembra Vitor que fez o primeiro estágio no restaurante Domaine de Clarefontaine do chef Philippe Girardon.
Gastronomia com arte: raviolli invertido com molho de queijo de ovelha e recheio de manjericão. Aula prática sobre projeto de restaurante monocromático na escola em Lyon
Já no segundo estágio, o estudante escolhe onde que ir e pode ser em qualquer lugar do mundo. Vitrola escolheu o Peru, no famoso Malabar. “O restaurante é muito parecido com o da minha família. Horta orgânica, carnes e frutos do mar”, conta o chef alagoano. No Peru, ele apreciou vieiras frescas, e o que despertou seu olhar foi a variedade das batatas.
Carne suína com purê de beterraba, criação do Vitrola e do pai e chef André Generoso na Casa Cor
“Estudar na França abriu os meus olhos para o mundo. Pude aprender novas técnicas e compreender a gastronomia contemporânea que usa produtos naturais, como já acontece no restaurante da minha família”, diz.
E quando a saudade da família e do Brasil batia forte, a mãe Cláudia Mortimer era a responsável em levar na mala, além do afeto, feijão, farinha, tapioca, entre outros itens gastronômicos para alegria de Vitrola que passou três anos estudando gastronomia na França.
Vitrola na formatura com sua turma em Lyon
Em 2017, André Generoso e Claudinha celebram 30 anos de Divina Gula. Seus filhos Vitrola e Diogo vão continuar o legado dos pais, ou melhor, já dão conta do recado. E receber um chef francês, na cozinha brasileira criativa em Maceió, é divino. Merci!!!
Cartaz do jantar, o Divina Gula “francesou”
Rota Divina Gula “francesou”
Valor do jantar por pessoa: R$170,00 (2 entradas, 1 prato principal, 2 sobremesas) sem bebidas. As vagas são limitadas (82) 99981.3093/ 3235.1016
Torresmo de macaxeira criação do chef Vitrola em breve entra em cartaz no Divina Gula. Já a coxinha de galinha caipira do chef André Generoso é nota 10
Vitrola, a nossa estrela da gastronomia alagoana
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3 comentários
André Generoso
7 anos Atrás
Determinação e amor ao trabalho, passei isso para ele , que começa a seguir seu caminho.
Claudia mortimer
7 anos Atrás
Muito bom ter o filho de volta a casa! O aprendizado em outro país e de muita importância pra profissão e pra vida!!
Nide, você como sempre expressando o melhor de nossos pensamentos!! Parabéns!!
Arconço Teixeira - Estilo e Cafeína
7 anos Atrás
Que lindo! <3
Divina é um lugar que inspira, e a história dessa família é realmente linda. Parabéns por expressar isso tão bem! 🙂
Sempre que vou ao Divina sou muito bem recebido por Claudinha, Andre e todos.