Cláudia Mortimer, com seu amado, o chef André Generoso, chegou a Maceió num fusca e com muito sonho na mala, especialmente um sonho chamado Divina Gula. Em 2018 completará 30 anos de história saborosa, criada por eles em nossa cidade. Eles trouxeram o coração de Minas Gerais para Maceió, como o caldinho com torresmo temperado com o amor do casal. Neste dia 6 de novembro de 2017, perdemos nossa amada Claudinha, uma tristeza sem fim, tão jovem e cheia de vida aos 51 anos de idade.
Como jornalista não queria escrever sua morte, porque sempre imaginei Claudinha em torno de uma mesa, velhinha, alegre, e dizendo sua célebre frase: “Amo você”. Ela abraçava a gente e repetia aos amigos, com um sorriso estampado no rosto, essa habitual declaração de amor. Lutou bravamente, de 23 de outubro até a data de hoje, mas deixou o legado Divina Gula e uma família linda.
Todos os dias das mães, eu sempre homenageio uma mulher na área da gastronomia. Este ano foi a Claudinha e aproveito para publicar o texto, mais uma vez, para lembrar a trajetória dessa Divina Mulher.
“Mãe, é, sobretudo, divina’, publicada em 14 de maio de 2017:
Cláudia Mortimer é mineira, mas Alagoas roubou seu coração. Não é cozinheira, porém se arrisca no cebiche (comida peruana). Não comanda as panelas, contudo é a toda poderosa da gestão do restaurante Divina Gula que, em 2018, vai trintar. Cláudia foge do padrão de uma mãe cozinheira, entretanto, seu filho Vítor Generoso, lembra com saudades dos sábados que ela se dedicava completamente a ele e ao seu irmão Diego, com roteiro de praia e cinema.
“Quando eu e meu irmão éramos pequenos, minha mãe não parava, mas o sábado dela era nosso”, recorda-se Vítor. “Nossa história sempre foi com nossos pais no restaurante, depois da escola, o destino era o Divina, então, o restaurante sempre foi extensão da nossa casa”, revela.
Concorrer na cozinha com o chef André Generoso é impossível, então coube a Cláudia Mortimer a tarefa de cuidar da administração da casa. É mais ou menos assim: “Por trás de um grande chef, há sempre uma grande mulher”, embora Cláudia seja baixinha, ela é exemplo de empreendedora nata. Desde os 17 anos que começou a trabalhar numa loja de confecção, em Belo Horizonte. Era ela, a proprietária, e nenhum comprador.
“As roupas eram tamanho grande, eu vestia as calças, amarrava com cinturão e saía desfilando na loja e deu certo, o povo começou a comprar. Não só vendia como tomava conta de tudo. Foi minha primeira escola”, conta. A faculdade de verdade foi o restaurante Divina Gula, que começou pequeno, estilo botequinho, André na Cozinha, Cláudia atendendo, arrumando as mesas e cuidando das compras, e tudo mais. No dia a dia, aprendeu a zelar pelo seu próprio negócio.
Já o mestrado, foi no Sebrae. Apostou no Empretec, uma metodologia da Organização das Nações Unidas (ONU), voltada ao desenvolvimento de características de comportamento empreendedor e para a identificação de novas oportunidades de negócios, além, claro, de outras jornadas que Cláudia passou pelo Sebrae. De certo, o Divina Gula é um caso de sucesso, modelo de gestão de empresa familiar.
Cláudia Mortimer, mãe zelosa, empreendedora e com pés no chão, na hora em que os meninos traquinavam geralmente o castigo era ficar em casa, longe da diversão. O coração apertou quando Vítor viajou para a França. Ela confessa que chorava para “dedéu”. E quem conhece o Divina, não vê Cláudia parada. Ela vai às mesas conversar com clientes, sorri, ajeita cadeira, mesa e, se brincar, ou melhor, se precisar, também vai à cozinha, embora André e Vitor Generoso tenham uma equipe afinada.
Nasceu nas Minas Gerais, filha de Carlos e Rachel, é a caçula de 15 irmãos. Com a bela história de mãe empreendedora de Cláudia Mortimer, homenageio a todas as mães (incluindo homens que desempenham a mesma função), afinal, mãe é divina, e todos os dias.
Com carinho para família Divina Gula.
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5 comentários
Carmen Lúcia Dantas
7 anos Atrás
A família Generoso perdeu Claudia, mas todos nós alagoanos também perdemos. Ela já era um patrimônio da gastronomia alagoana. Uma jovem talentosa que vai fazer muita falta. Com tristeza abraçamos a família
Cris Xavier
7 anos Atrás
Sinto tanto…triste ver uma pessoa tão cheia de vida ir embora…
NELMA BARROS
7 anos Atrás
Cara Nide Lins,
Lamento muitíssimo a sua perda, sei bem o que é perder uma amiga. Não conheci a “Claudinha” mas frequento o Divina Gula, desde o endereço primeiro. Que Deus dê o conforto à família, amigos e clientes. Um grande abraço.
Alexandre Lenine
7 anos Atrás
O momento é de extrema comoção e tristeza. A viagem prematura de Claudinha faz com que nós, seus amigos, fiquemos com uma saudade sem fim. Seu jeito meigo e extremamente simpático sempre abrilhantou os locais por onde passou. Vai com DEUS Claudinha, na certeza que você está num espaço cuidadosamente reservado pelo Pai Maior.
Eu, Walquiria, Isadora e Beatriz lhe desejamos a melhor passagem que uma pessoa possa ter e merecer.
Para André, Vítor e Diogo, toda a força do mundo nessa hora, tendo a certeza que ela nunca irá abandonar vocês. Cada passo que vocês darão, contará com a sua luz mágica acompanhando.
Beijos minha amiga e vá com DEUS.
Claudia
7 anos Atrás
Estou arrasada. Morei em Maceió de 1992 a 2017 e frequentava muito o Divina. Claudia era uma anfitriã de classe e sempre era uma alegria estar no Divina Gula. Maceio é também Divina Gula.
Divina Gula é Claudia, pra sempre.