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O eterno sorriso da Socorro

        Socorro, nossa eterna gratidão pelo seu sorriso e a sua amizade.
Na Copa do Mundo de 2014, Socorro se vestiu de verde e amarelo, armou um telão para nenhum fã perder um lance da seleção brasileira. Ainda fez sorteios e rodadas de caldinhos da pata de úça por conta do Bar do Pata. E assim, a alagoana de São Miguel dos Campos, circulou entre as mesas, distribuindo alegria. A foto do Felipe Brasil, revela bem a alegria da Socorro no Bar da Pata.
Socorro vivia e respirava o Bar da Pata, o boteco mais famoso do Farol. Mas foi na Copa 2014, que descobriu que tinha câncer. Durante quatro anos lutou bravamente contra o inimigo, mas no sábado, 16 de junho de 2018, um dia antes da estreia do Brasil no mundial, ela partiu.

Na foto Felipe Brasil, a Lu ao lado da Socorro e as famosas patolas do bar

Como a nossa Socorro era iluminada, a imagino puxando a cadeira para São Pedro e logo oferecendo um caldinho da pata de úça e conversando alegremente com o santo sobre sua chegada ao céu. Aliás, podemos sonhar o que quiser com a Socorro, porque por mais de 40 anos, ao lado de Lu, comandou o Bar da Pata numa felicidade imensa. Ela amava todos clientes, sem distinção.

Lu era sócia e amiga da Socorro há mais de quatro décadas. Lu gosta dos bastidores, sempre de olho no fogão e no caixa. Só aparecia depois de muita insistência. Já a Socorro era a mulher de levar o sorriso e o abraço nas mesas do Bar da Pata. As duas são a alma do lugar, onde viveram momentos de alegria e de tristeza.

As patas no molho de tomate, carro chef da casa

Socorro morreu com o bar lotado, como ela sempre gostou. E coube aos funcionários comunicar com muita tristeza o falecimento dama da gastronomia.
Minha primeira reportagem no Bar da Pata foi em maio de 2013. Liguei para as meninas, como gosto de chamar, e conversei com Socorro sobre meu desejo de conhecer o estabelecimento. Ela acompanhava meu trabalho e ficou muito feliz. A partir daí ficamos amigas. Quando ia sozinha no bar para petiscar, ultrapassava a cozinha do bar para, então, ser recebida pelas duas na sala da casa. Lá colocávamos o papo em dia com as patolas de úça, cerveja e café.

Foto produzida da ova de peixe para meu livro Receitas das Alagoas. Foto @nidelins

Na primeira e segunda edição do livro Roteiro da Gastronomia Popular Alagoana, o Bar da Pata está presente. No meu novo livro, e o primeiro de Receitas das Alagoas, que será lançado no dia 25 de junho, as 18h, nos jardins do Palácio do Governo, o estabelecimento também tem espaço cativo no capítulo sobre cozinha de botecos, com a receita da Ova de Peixe na manteiga de garrafa.

Sentirei a falta da Socorro no dia do lançamento. De fato, todos os fãs estão tristes com sua partida, porque o Bar da Pata é parte da nossa história, e continuará sendo, porque estamos com Lu para manter viva a memória saborosa da casa, que é patrimônio da felicidade de Maceió, que continuará aberto.

Damas da gastronomia alagoana: Lu e Socorro, alma do tradicional Bar da Pata

História – A história da pata ao molho de tomate começou com Lu ainda pequena. Era sua refeição predileta, preparado com esmero pela sua mãe Quitéria. Quando ela e sua mãe abriram uma loja para vender picolés e sorvetes, teve um freguês que sempre ouvia as marteladas ao fundo da casa. Curioso, ele perguntou o que era aquilo. Dona Quitéria explicou que era sua filha Lu, quebrando as patinhas do caranguejo.As meninas se formaram na labuta do bar, Lú na cozinha e Socorro na administração, e assim nos 46 anos do empreendimento, a comida é sempre boa, bem elaborada, somada ao bom atendimento do fiel garçom de mais de 30 anos de casa, Luiz Francisco, e a equipe: Rosilene, Rubiana e Genildes  nota 10 na cozinha, com harmonia nos sabores. E Jonatas, o garçom mais novo da casa.

Caldinho das patolas cozidas no molho de tomate

No Bar da Pata as boas vindas são o caldinho da pata de caranguejo, e o primeiro é sempre cortesia da casa. No ritual da Instituição alagoana, as patolas já quebradas pra ninguém perder tempo, as agulhinhas sempre crocantes e sem espinha, o arroz de camarão da vovó, e a ova de peixe na manteiga.

Arroz de camarão da vovó, o xodó da Lu. O grão é misturado ao crustáceo ao molho de tomate, simples e bom

 

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