O caruru feito por minha mãe, Dona Nia, era o prato mais esperado por todos nós na Semana Santa. E adianto logo, não segue a tradição baiana: não tem camarão defumado, não leva leite de coco, e tem a baba do quiabo (ele é assim naturalmente). O segredinho é farinha da cabeça de camarão. Esta receita é do meu livro Receitas das Alagoas, cozinha de boteco, de chef, de rua e de tradição, agora compartilhada com vocês.
Um caruru como o da minha mãe, herança de família, nunca encontrei nada nem parecido nos livros de gastronomia. Na receita de Dona Nia não entrava o camarão seco, mas, para o seu lugar, era escalado o crustáceo de água doce. Da sua cabeça rende a farinha, deixando a iguaria com sabor peculiar. Para acompanhar, bolinhos de arroz no estilo “unidos venceremos” e cozidos na água e sal.
A receita não é do legitimo caruru baiano, mas algo que minha mãe fazia da forma mais simples. Ela dizia que podia colocar amendoim, contudo, para ele não ficar mais gordo, descartava.
Para a receita uso a cabeça do camarão barba roxa ou vila franca para fazer a farinha de camarão que dá sabor ao caruru, feito de quiabo e azeite dendê. Testei também o camarão pequeno (espigão), usado para fazer caldos, e ficou bom.
Louça – Na foto principal está o caruru, o bolinho de arroz, e um camarão vila franca para decorar. O prato fundo é de cerâmica da artista Maria Amélia Vieira da Galeria Karandash (@galeriakarandash / Telefone: 82 98203-1709), que criou uma coleção com pratos de entrada, principal, sobremesa, além de xícaras, cumbucas, enfim, uma linha de cozinha com identidade cultural em tons neutros, com rosas, pássaros, peixes…
Receita
1 kg de camarão vila franca ou 1 kg de barba roxa (com casca e aproveita a cabeça)
50 quiabos
1 xícara de dendê
2 xícaras de arroz branco
1 colher de sopa de farinha de mandioca
Sal a gosto
Modo de preparo:
Limpe os quiabos (corte a cabeça e a ponta). Cozinhe o quiabo na água com sal e deixe evaporar. Não pode ficar com muita água. Reserve. Esta receita conserva a baba do quiabo.
Camarão – cozinhe com casca, um pouco de sal e sumo de dois limões até mudar de cor. Quando ficar vermelho, apague o fogo e deixe esfriar.
Separe a cabeça do camarão e leve ao forno (200 graus) até ficar bem sequinha.
Passe a cabeça do camarão no liquidificador até virar pó.
Peneire e misture com uma colher de sopa de farinha de mandioca. Reserve.
Com o quiabo cozido, adicione o azeite de dendê. Em seguida, coloque a farinha de cabeça de camarão e finalize com os camarões sem casca. Acerte o sal.
Bolinho de arroz – Cozinhe o arroz na água no estilo “unido venceremos” até ficar papa. Esfrie e faça os bolinhos.
Montagem do prato: coloque o caruru numa cumbuca ou no prato mais chique, adicione dois bolinhos e um camarão com casca para decorar.
Detalhe: Geralmente o caruru engrossa, então é só adicionar um pouco de água e, se quiser, mais dendê.
Onde comprar camarão (delivery)
Lembrando: dia 1 de novembro começa o período de defesa do camarão do mar (vila franca e espigão), e os preços alteram para mais.
Wanderson: Camarão espigão (filé) a partir de R$ 35,00/ Vila Franca (R$65,00)/ (82) 98830-9359
Branca do Camarão (@branca_do_camarao): barba roxa: a partir de R$ 27,00 (pequeno)/ Vila franca: R$ 65,00/ Telefone: (82) 98889-5919
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