Para os amantes de jaca, atenção, pois é temporada da fruta mais doce de toda galáxia! Eu mesmo aprecio os bagos duros ou moles, até já comi ela na versão carne, excelente opção para os veganos. Quando ela é preparada quando está verde, vira, por exemplo, salpicão, picadinho… Adorei ambas as versões. Mas no ano passado indiquei o doce de jaca cristalizado da cidade de Porto de Pedras feito com muito esmero por duas guardiãs da tradição, Lela e Ione. Como diz a professora do Senac e Centro Universitário Mario Pontes Jucá, Priscila Brandão, é o céu, porque o doce tem o aroma da fruta, é delicado e desmancha na boca. Então, quem for por aquelas bandas do litoral norte de Alagoas, encomende às meninas o doce, também conhecido com tulipa de jaca.
Voltei para Porto de Pedras para encontrar as guardiãs, que por sinal, estão nas 100 dicas do Guia de Gastronomia Popular Alagoana, para revê-las, e entregar o livro pessoalmente. Aproveitei para apresentar a tradição do doce de jaca às duas professoras e chefs de cozinha, Priscila Brandão (@pribrandaoo_) e Lela Camelo (@_Lela Camelo_) porque minha intenção é perpetuar o doce para outras gerações.
Veja a postagem de junho de 2021:
Jaca é o doce mel sem abusar do paladar. Amo desde que nasci. Lembro da minha mãe, dona Nia, tirando os bagos para a gente comer sem parar a doçura, fosse dura ou mole. E todo ritual de abrir a fruta com a faca e ter seu leite natural grudando nas mãos e faca. Uma meleira danada, e só óleo de cozinha para limpar. Minha tia Ida, era louca por jaca. Para ela, o melhor presente: comia no café da manhã e almoço, e sempre recomendava que depois de comer os bagos não podia tomar água. E o doce de jaca? Valei-me, é bom demais. O cristalizado, no formato de tulipa, é de uma delicadeza que desmancha no céu da boca, e até agora só encontrei em Porto de Pedras.
Duas alagoanas são detentoras desse saber, Ione Silva e Aurelina Maria, a Lela, da cidade de Porto de Pedras, na Rua da Piedade. É um doce de verão, pois a safra da jaca vai de dezembro a junho. Cada docinho custa apenas R $1,00 e, com certeza, não paga o trabalho dessas guardiãs.
Para fazer 120 flores, elas usam, em média, cinco jacas. A de textura mole é a mais apropriada para preparar a tradição. Na receita, apenas a fruta e açúcar. Depois é levar ao fogo por mais ou menos 1 hora, sempre mexendo até aparecer o fundo da panela. Deixa esfriar, e no outro tem que modelar com as mãos e deixar, pelo menos, dois dias de sol para virar o singelo doce cristalizado.
Ione aprendeu com a mãe aos 13. Hoje lamenta que as jaqueiras estão sendo derrubadas para virar móveis. “É cada vez mais difícil achar a fruta”. Já Lela é professora aposentada, e conheceu os segredos do doce com uma vizinha. “No começo os doces eram meu dinheiro extra, davam uns trocados e ainda pagavam quem me ajudava a vender. Hoje, financeiramente, não rende, mas é minha terapia”, conta a alagoana que conta com apoio do filho para fazer o doce tradicional.
Rota Doce de jaca cristalizado
Lela – 82 99158- 6358
Rua da Piedade, 164 – Porto de Pedras
Ione (neta Maysa) – 82 99422-4229
Rua da Piedade, S/N – Porto de Pedras
Preço: R$1,00 (unidade) Não aceita cartão
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1 comentário
Luciane
2 anos Atrás
Esse doce de jaca é uma tradição do município de Porto de Pedras. Infelizmente, essa receita não está sendo repassada pelas gerações, e vai acabar se perdendo no tempo. Ele tem que ser considerado um patrimônio imaterial do Estado.