Terça-feira, 8 de fevereiro, dia triste, Yêda Rocha partiu. Mas quando penso no seu humor, alegria, e principalmente no amor que a alagoana tinha em cozinhar para a família, amigos, e em compartilhar as receitas do livro “Delicias Alagoanas”, das Irmãs Rocha, sinto-me feliz porque esta mulher sempre será para mim e para muitos, inspiração. Visitar Yêda Rocha era a certeza de sair de “bucho” cheio, sempre tinha pastel de festa polvilhado com açúcar, empadinha de queijo, bolo de rolo, que, com muito orgulho, ela sabia fazer tão bem quanto os pernambucanos.
Apreciadora de comidas de botecos e de uma cerveja bem gelada, eu tive a honra de acompanhar Yêda em alguns bares da vida. No ano passado ela fez sua última festa, de 90 anos, uma despedida linda. Agora o banquete será nos céus, a alagoana vai encontrar as irmãs Bartyra, Maria e Jacy, que tive o prazer de entrevistar no jornalismo.
No ano de 2002 conheci as Irmãs Rocha (Yêda, Bartyra, Maria e Jacy) numa reportagem de turismo (Gazeta de Alagoas), na cidade de Jequiá da Praia, e foi uma das mais divertidas com passeio de barco pelo rio, e depois cerveja e camarão no boteco da cidade. Todas elas alegres, contavam histórias da família e da cozinha, a exemplo do passeio às piscinas naturais da Pajuçara com Chacrinha e as chacretes. E claro, muita comida para o apresentador mais famoso da TV brasileira.
O maior feito das Irmãs do Engenho Varella foi o livro “Delícias da Cozinha Alagoana”, com o tempero e sabores do engenho para o mundo. A obra ganhou espaço no Jô Soares, Ana Maria Braga, ou seja, Alagoas mostrou sua identidade cultural para fora do nosso estado. Coisas que só encontramos com elas, como o doce de mangaba, que até hoje os jornalistas pernambucanos de gastronomia Vanessa Lins e Bruno Albertim suspiram por ele.
Na cozinha do Engenho Varella, lar das irmãs Rocha, nasceram receitas como a de licor de maracujá, batizado de “Laco-paco”. Servido bem geladinho, refrescante e delicioso. A fabricação da iguaria é caseira e, segundo a dama da gastronomia alagoana, Yêda Rocha, no Engenho tinham duas senhoras bem velhinhas que conheciam o saber e o fazer do licor. “Aprendemos com elas”, contou-me Yêda.
Fã incondicional do seu neto, Serginho Jucá (restaurante Sur), Yêda sempre esteve ao seu lado, o inspirando a construir pratos com a indentidade cultural da culinária de engenho. “As receitas circulavam entre nós, registrando o nome de quem nos deu ou de quem era a mais perita em determinado prato, como a Brasileira, da Caetana (escrava do Engenho Cumbe), ou o Pudim Abolicionista (sucesso do fim do século 19), de tia Chiquinha”, relatam as irmãs na apresentação do livro delas.
No ano passado Yêda telefonou me convidando para a festa dos seus 90 anos, mas como eu estava em recuperação da cirurgia bariátrica não pude comparecer, foi sua despedida. Fiz uma homenagem no meu blog e na Pausa do Café, no programa Balanço Geral, e ela enviou a mensagem: “ A festa foi maravilhosa , com tudo que tinha direito, até fogos de artifícios. A família quituteira botou a mão na massa e todos cooperaram com doces, biscoitos e pratos salgados, saiu tudo perfeito, sem falhas. Com o aval do Wanderson não tem erro”, me disse a culinarista.
Yêda Rocha, sem erro, e sempre presente na história da culinária alagoana.
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2 comentários
MARCOS VINICIUS
3 anos Atrás
QUE DEUS LHE DÊ O DESCANSO ETERNO. CUMPRIU COM LOUVOR A SUA MISSÃO NA TERRA.
Roodney Beserra
3 anos Atrás
Prezada Nide.
Alagoas amanheceu mais triste com a partida de Dona Yêda.
Ela que popularizou pratos que fizeram e fazem a nossa alegria.
Realmente é uma grande perda.
Meus pêsames a família.
Roodney Beserra