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Cozinha com alma alagoana, em São Paulo

A culinária alagoana continua sendo um dos maiores cartões postais de Maceió. E seguimos na vanguarda, em São Paulo, dois chefs alagoanos, Wanderson Medeiros e Giovanna, trocaram o foie gras – termo que em francês significa “fígado gordo”, iguaria francesa, pelo nosso sururu, siri, camarão, tilápia… E olhe que em Sampa é Mundo, então posso dizer que o Mundo está saboreando Alagoas. Primeiro vou escrever sobre Giovanna (@giovannaagrossi), nossa Gio, alagoana de coração, é uma das estrelas da cozinha alagoana, e o seu  Animus Restaurante (@animusrestaurante) é um escândalo de bom.

O Animus é um restaurante brasileiro com técnicas francesas, e a Giovanna na cozinha usa o coentro com muita maestria, tem siri, camarão, e o Nordeste conversa bem com ingredientes de todo Brasil. Na parede, o bordado de  filé traz a beleza e elegância para o coração paulista. Na casa tem pratos veganos.

Giovanna, alagoana é uma das estrelas da gastronomia brasileira no seu Animus com o painel do borda de filé das Alagoas

Quem imagina pedir no restaurante vagem assada? Difícil, né mesmo, mas se um dia Gio oferecer “pedra” eu me arrisco a comer, porque essa menina transformou a simples vagem numa entradinha chique. Ele é envolvido no coulis (molho) de azeitona preta, castanha de caju caramelizada e queijo de ovelha curado (tem versão com queijo vegana). É incrível, a vagem fica pra lá de gostosa e chique.

Vagem assada polvilhada com queijo de ovelha é uma grata surpresa

Na tabua de frios,  chama a atenção o sabor aguçado do rillette (preparação francesa)  de peixe defumado, e é o tilápia, que já gosto, mas pela mãos da chef ficou irresistível ainda mais com pão de fermentação natural. Ainda tem azeite Borriello, manteiga noisette, queijos Mandala e Tulha, presunto cru e picles.

Tabua de frios,  destaque sabor aguçado do rillette (preparação francesa)  de peixe tilápia defumado

Para comer com as mãos, tem os bolinhos de mandioca com maionese de coentro e pimenta de cheiro, e de camarão com alecrim e maionese de páprica picante. O de ossobuco é o mais escandaloso de todos, vem com coulis de cebola caramelizada e pimenta do reino.

Bolinhos de camarão com alecrim e maionese de páprica picante

Agora a costelinha de porco com maçã verde e café, numca comi nada igual, inexplicável, a fruta combina perfeitamente, mas o café foi a grata surpresa ao paladar. O prato agridoce, caramelizado, acidez no ponto certo, sinceramente a melhor versão de costelinha suína.

Costelinha de porco com maçã verde e café, um show de sabores

Geralmente o chef não é bom confeiteiro, mas a nossa Gio também domina os doces, como a canção de Chico Buarque, com açúcar e afeto, e muita delicadeza na apresentação das sobremesas, vide a torta de chocolate, coulis de cambuci, crocante de amendoim e café. Linda e saborosa, e deixa saudades. Claro, o azedinho da fruta amazônica cambuci traz o Brasil com muita técnica da doceria francesa.

Torta de chocolate, coulis de cambuci, crocante de amendoim e café. Linda e saborosa

Quem é – Pequena, cabelos longos e sorriso tímido. Assim é nossa Giovanna Mayer Grossi, menina de ouro que  deixou todo mundo de boca aberta, quando conquistou o cobiçado concurso de gastronomia Bocuse D’Or na etapa Brasil. E na América Latina só deu ela. Duas vitórias para o Brasil.  nossa alagoana, primeira mulher brasileira que disputou a final na França. Nossa chef nem sonhava com a premiação. Giovanna se inscreveu no concurso sem pretensão nenhuma, seu desejo era voltar para o Brasil. Durante um mês, treinou todos os dias as receitas criadas por ela para a etapa final do concurso Brasil, onde uma das regras era utilizar chuchu com pescadinha branca, e miolo de alcatra com ora-pro-nóbis (folha).

Gio e parte da sua equipe da cozinha, 90% feminina

Nascida em Jaú, interior de São Paulo, Giovanna Grossi cresceu em Maceió, capital alagoana, entre os sabores do cuscuz e da macaxeira. Anos mais tarde na terra da garoa, Giovanna cursou gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi e ao final do curso partiu para a França. Lá estudou no Instituto Paul Bocuse, em Lyon, onde trabalhou no extinto e estrelado Arc en Ciel. Integrou a equipe do Le Taillevent (três estrelas Michellin), cursou confeitaria no Instituto Alain Ducasse e estagiou no Maison Pic, em Valence. Após um período no berço da gastronomia, Giovanna se inscreveu no Basque Culinary Center, em San Sebastian (Espanha), e passou uma temporada no Quique Dacosta; de lá seguiu para Barcelona, onde formou-se em confeitaria na Espai Sucre.

Destaque do Animus: Refrigerantes de frutas da estação

No Animus, a Chef Giovanna cria com ingredientes frescos e selvagens, onde a mudança das estações faz parte das experiências. Sua escolha é a de trabalhar com alimentos sazonais e brasileiros, procurando olhar para dentro, deixando florescer ao redor, e encontrando, assim, o caminho da alma. Gio segue linda e talentosa em São Paulo temperando o mundo com as lembranças alagoanas. E continua nossa menina de ouro.

Massa fresca, frutos do mar confitados, molho romesco, amendoim e farofa de dill

Rota: Animus Restaurante (São Paulo)

Almoço Executivo (terça à sexta) com entrada e prato principal – R$55,00/ Menu Degustação – Iron Chef  com seis etapas para compartilhar (valor por pessoa)- R$290,00/ Pratos individuais a partir de R$47,00/ Aceita-se cartões

Almoço: terça à sexta: 12h – 15h/ sábado e domingo: 12h – 16h30/ Jantar: terça à sábado: 19h – 23h

Rua: Vupabussu, 347 – Pinheiros – São Paulo – SP/ Telefone: (11)  2371 – 7981

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