Cuscuz do Luiz na Cidade Universitária

Conheci seu Luiz com seu carrinho de cuscuz de arroz no ano de 2016, no centro de Maceió, e a partir daí nasceu uma amizade. Antes da pandemia,  junto com a família, decidiu mudar-se para a cidade pernambucana de Caruaru. Ficamos três anos com saudades. Para nossa sorte, ele e os seus estão de volta, agora em novo endereço, anote: Gran Jardim dos Lírios, Quadra E-19, Cidade Universitária. E claro que o cuscuz de arroz continua danado de bom.

Feliz na nova moradia, ele teve um desafio: de Caruaru trouxe apenas as boas lembranças e um megafone, onde anuncia: “Cuscuz de arroz, 1 é 3, 2 é 5”. Toda sua freguesia era no Centro de Maceió, e para conquistar o povo da parte alta da cidade saiu oferecendo o quitute de graça. E deu certo! Quem ganhava o cuscuz, acabava comprando mais de um. Assim conseguiu não só novos clientes, como a atenção dos antigos. Eu, por exemplo, fui até a Cidade Universitária comprar os meus cuscuz. Recomendo! Ele sai vendendo pelo conjunto das 14h até 17h.

Trajetória – A história do seu Luiz começou na Rua do Sol, próximo a loja Astral Presentes. Foi onde encontrei um senhor de cabelos brancos parado com o carinho de cuscuz de arroz. Cheguei perto e iniciei minha inquisição. “Este cuscuz é bom?”, perguntei, no que ele respondeu: “O povo gosta!”. Retruquei e disse que ia comprar, mas que se fosse gostoso, ele ganharia uma postagem no meu blog. Dito e feito, o cuscuz de arroz é um espetáculo, recheado de histórias de felicidade da família do Luiz Machado, que mudou de vida, graças a tradição nordestina.

A cuscuzeira é uma panela industrial que ele adaptou. Na tampa fez 20 buraquinhos e lacrou para sempre. Quando todos os buracos estão preenchidos com a massa, já é tempo de retirar os primeiros colocados. Ainda quentinhos, eles tomam banho de leite de coco no sal.

Luiz e Maria Hilda, casados há mais de 45 anos, sempre lutaram para sobreviver. Ele foi cortador de cana, marchante, e ela agricultora. Viveram um tempo em São Paulo, onde Luiz foi ajudante de pedreiro e cozinheiro, mas o frio não fez bem a Hilda.De volta para Maceió, passaram por dificuldade. A vida de marchante não dava para colocar comida na mesa dos filhos. Hilda lembrou dos tempos difíceis, de uma refeição por dia e do pão fiado da vendinha, mas logo sorriu, e agradeceu a Deus, e ao cuscuz, que salvou a família.

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