No pratinho fundo, a cor vibrante da mistura de tomate e beterraba com nhoque de macaxeira e pedacinhos de carne suína atiçou o paladar. Além da beleza das cores e do sabor incrível, a elegância da apresentação do prato era digna de qualquer restaurante sofisticado. A receita, batizada de nhoque de macaxeira nutritivo, foi eleita a melhor da 6ª edição do Concurso das Merendeiras. A vencedora foi Maria de Fátima, da cidade de Junqueiro.
O mais importante, além da criatividade de todas as participantes, é que os ingredientes utilizados são oriundos da agricultura familiar. O projeto do Sebrae Alagoas contou com o apoio valioso do Senac e da Embrapa. E claro, eu, Nide Lins, tive a felicidade de ser jurada. Digo mais: todas as receitas estavam maravilhosas!
A carne suína também foi destaque no prato que garantiu o segundo lugar. A merendeira Maria Vagna, representando São José da Tapera, encantou os jurados com um xérem de costela suína e couve, trazendo os temperos típicos de sua região. Já o terceiro lugar ficou com Andrea Maria, de Girau do Ponciano, que apresentou uma moqueca de peixe acompanhada de farofa de amendoim.
Renata Fonseca, gerente da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae Alagoas, destacou que a merendeira exerce um papel essencial na formação do paladar desde a infância. “Alinhar sabor à sustentabilidade da agricultura familiar é a proposta do concurso, que já se tornou o mais esperado pelas merendeiras. Um dos objetivos é incentivar a aquisição de alimentos escolares provenientes da agricultura familiar de cada município. Percebemos que, com o tempo, as merendeiras têm se apropriado dessa ideia, utilizando ingredientes locais para criar e decorar os pratos. Dessa forma, fortalecemos a economia local e promovemos uma alimentação saudável, dentro das diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)”, explicou Renata.
Para Aluísio Goulart, da Embrapa, o Concurso das Merendeiras simboliza a soma de esforços do Sebrae, Senac e Embrapa, conectando a produção de alimentos da agricultura familiar com o uso potencializado desses insumos, respeitando a cultura alimentar local. “A partir desse acompanhamento, coletamos elementos para subsidiar ações futuras em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, alinhados à segurança alimentar e nutricional dos alunos. Além disso, pensamos em políticas públicas que possam fortalecer a participação da agricultura familiar na oferta de produtos agroalimentares de qualidade para a merenda escolar”, afirmou Aluísio, que também atuou como jurado.
Já a coordenadora Tina Purcel explicou que o Senac atua como parceiro, promovendo oficinas de capacitação. Este ano, o tema das oficinas foi técnicas básicas de cozinha utilizando ingredientes da biodiversidade local. “Esse concurso também é uma oportunidade para aperfeiçoar o talento das merendeiras, que desempenham um papel essencial na educação alimentar, além de estimular os jovens a adotarem hábitos saudáveis”, pontuou Tina.
Entre os pratos das outras cinco finalistas, os destaques ficaram por conta do cuscuz de macaxeira com molho de maracujá e leite de licuri. Maely Moreira, de Delmiro Gouveia, apresentou um escondidinho de macaxeira com carne de bode e leite de licuri. Lidyane Cristina, do litoral, representou Maceió com um camarão ao molho de maracujá acompanhado de purê e chips de fruta-pão.
Também com inspiração no litoral, Maria Célia, de Marechal Deodoro, preparou um filé de siri tropical com purê de macaxeira e molho de manga. Já as representantes de Coruripe e Penedo apostaram no tradicional cuscuz.
Macielle Aparecida apresentou um cuscuz de macaxeira com filé de tilápia e creme de abóbora, enquanto Mônica Lisboa trouxe um cuscuz de milho seco ralado com galinha de capoeira e major-gomes (uma planta alimentícia não convencional) cozido no coco.
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