“Brasil é minha terra. Rio Grande do Sul, minha alma”, conta a alemã Isolde Ramm, uma senhorinha muito simpática, na sua modesta casa de campo na cidade de Gramado. Ela chegou com a sua família ao Brasil em 1945, fugindo da guerra. Na bagagem, trouxe tradições culinárias germânicas. “Cai de paraquedas numa comunidade italiana, não entendia nada, mas aprendi a culinária deles”, lembra Isolde, ao lado de seu amado Ingo. E na sua singela residência, o casal recebe os turistas para um autêntico café colonial na rota “O Quatrilho”, que reúne história de amor e tradição verídica nas terras verdes de Gramado.
A rota “O Quatrilho” é apaixonante, viajamos num ônibus pelos caminhos floridos, revelando um Brasil misturado com os sabores dos imigrantes alemães e italianos. O café colonial e o almoço da família Ramm são inesquecíveis, uma cozinha afetiva. E declaro, melhor culinária tradicional é a de Gramado, simples e rica.
Tudo tão farto, que não sabia se provava as geleias caseiras com nata (sem aditivos químicos) no pão italiano, ou me rendia ao macarrão ao molho com pedaços de carne suína. Claro, me entreguei aos dois, e ainda provei os bolos alemães, em especial, o de pêssego.
Os imigrantes que escolheram as terras gaúchas sabem enfeitiçar os visitantes com suas tradições culinárias. O que está na mesa vem da pequena propriedade, como leite fresco, queijos, salames, presuntos, sucos, carnes, geleias, sucos e vinhos. Dá vontade de estender uma rede e por lá ficar no Gramado versão rural.
O mais bonito da família Ramm é receber ao som de uma sanfona com canções dos imigrantes, mas ao saber que tinha nordestino na área, tiraram do acordeon o nosso hino, Asa Branca, de Luiz Gonzaga.
Na rota O Quatrilho, a visita à família Ramm finaliza o roteiro, mas é tão cativo que inverti a ordem da reportagem.
O começo
Para fazer a rota “O Quatrilho”, nome do filme e do livro que contam a história de amor e de tradição de dois casais em Gramado, o passeio começa a bordo de um ônibus estilo rural, que nos leva a pequenas propriedades. O turismo rural é o viés sustentável para as famílias que cultivam frutas e produção de vinhos da região.
Lazaretti – A primeira parada é na propriedade da família Lazaretti, com um lindo parreiral de uvas e kiwis, onde se conhece os vinhos e a graspa (cachaça de uva) há mais de 100 anos.
O proprietário recebe o visitante e compartilha com ele a história do anfitrião Celeste Lazaretti, que faz questão de receber os turistas e de contar a eles as histórias de seus pais, que escolheram Gramado para a família ser feliz. Nas visitas tem degustação de vinhos e graspa. Também tem a fabricação de geleias caseiras com frutas da propriedade.
Familia Grins – Em 1910, numa comunidade rural no Rio Grande do Sul, habitada por imigrantes italianos, dois casais muito amigos se unem sob o teto de uma mesma casa. O tempo faz com que a esposa de um se interesse pelo marido da outra. Ambos decidem fugir e recomeçar nova vida, deixando para trás seus parceiros.
A história é muito bem contada, carregada de humor, por Marlize Grings. Lá o visitante é convidado a conhecer o cemitério onde estão os túmulos de Nicodemo e Maria. Ao lado do cemitério, fica a Igreja de Pedra Santo Antônio, onde foram realizados os matrimônios dos casais.
Eu assisti o filme, tem um tempinho, e conhecer o local faz a gente voltar ao passado e ficar imaginando como, em 1910, o escândalo se abateu sobre os traídos que ficaram. Eles sofreram discriminação da igreja, pois “viviam em pecado”.
O Quatrilho é uma história e tanto, uma rota regada de amores, vinhos e comidinhas afetivas.
Rota O Quatrilho
Mais informações: www.masterop.com.br / Telefone: (82) 32162010
A empresa gaúcha Vento Sul ganhou o prêmio Braztoa de Sustentabilidade do turismo com a Rota O Quatrilho
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1 comentário
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7 anos Atrás
Linda reportagem parabéns é orgulho nosso fazer parte desta . obrigado .