Minha vivência de fim de semana em Porto Calvo, uma viagem cultural
Parti para cidade de Porto Calvo com a promessa de saborear as comidas típicas de lá, em especial, a formiguinha tanajura do Bar do Frazo, apelido do seu Flávio Buarque de Lyra, um conhecedor da tradição. Quando menino era sua diversão sair para caçar as saúvas e depois comê-las fritas. De verdade, o bichinho de asas e de corpo bem maior que a cabeça (famosa bunda de tanajura) é um clássico da cozinha da cidade. Segundo o pequeno Lucas Barbosa, morador da cidade, a iguaria lembra amendoim torrado.
Bom, não comi tanajura, porque depende de São Pedro ordenar muita chuva com trovoada para as formiguinhas saírem da terra e fazer a alegria da meninada. Quando isso acontece os meninos catam as formigas e vendem direto para o Bar do Frazo. Não foi dessa vez, mas fiquei feliz com o saparatel. Ainda bem que não choveu, porque à noite em Porto Calvo foi dia de festa na Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, erguida em 1610. Do alto do templo veio “uma luz que alumia” com imagens da história e cultura da cidade refletidas no templo religioso tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
As imagens de gente da cidade, poesias, e músicas, deram rumo ao projeto Narrativas em Movimento, do Núcleo Zero, como uma versão contemporânea das caravanas circenses que, na era pré-televisão, levavam entretenimento para as cidades do interior do Brasil.
Narrativas em Movimento (projeto contemplado pelo Rumos Itaú Cultural) alimentou a minha alma com cultura, aliás, não só a minha, mas principalmente do povo que mora lá e que se encontrou na história de sua cidade refletida na igreja histórica.
Um belo espetáculo que une imagens, músicas e poesias como a banda Sete de Setembro, que também apareceu ao vivo para tocar e encantar o público. Teve até o frevo. O jornalista Jorge Barboza (Sebage) recitou versos do seu poema “Dias de Glória”, em uma homenagem à sua cidade natal. Já o mais aplaudido, o professor Valdomiro Rodrigues, contou a história de Calabar.
Narrativas em Movimento já circulou pelas cidades históricas de Marechal Deodoro, Penedo, Piranhas, Coqueiro Seco, União dos Palmares e a última apresentação foi em Porto Calvo.
Mas boto fé na moçada do Núcleo Zero; acredito que este projeto fará novas narrativas e viagens, porque, simplesmente é educativo, o povo se vê projetado na história. Agora basta o governo do Estado, as prefeituras (incluindo Maceió), e as empresas (de turismo, especialmente) abraçar o projeto que mostra as nossas raízes.
Quem é – Núcleo Zero é uma empresa alagoana de produção de conteúdo que trabalha na área de tecnologia, design e audiovisual sob a batuta dos irmãos Weber ( artista gráfico com trabalhos em animação e ilustração) e Werner Salles Bagetti (design, montador e produtor audiovisual). E contam com o auxilio luxuoso de Rafhael Barbosa (jornalista, produtor e realizador audiovisual), Ulysses Ribas (editor, design e motion graphics), Daniel Gomes (editor e motion graphics) e Valeska Leão, na produção. A empresa tem 14 anos de mercado e se destaca em produções de filmes e de projetos de multimídia para museus e exposições.
Como acontece: em cada passagem, que dura cerca de cinco dias, a equipe do Núcleo Zero, desenvolve a apresentação em diversas fases. Primeiro, a população é convidada para enviar fotos, filmes e histórias que revelem um pouco de sua relação com a cidade.
Depois, é a vez de os moradores participarem de uma oficina interativa, na qual serão ensinadas várias técnicas de vídeo e edição, entre elas projeção mapeada, stop motion e animação 2D. Unindo as duas etapas, o material enviado previamente será transformado em micronarrativas animadas, que serão projetadas em prédios e espaços importantes dos municípios.
Em Porto Calvo o Núcleo Zero contou com o apoio da prefeitura da cidade e do jornalista Jorge Barboza (Sebage), que cedeu a Casa Grande (da família) para hospedagem e apoio logístico a moçada do Núcleo Zero.
E claro, nos bastidores, registrei o Narrativas em Movimento, sem saborear a tanajura, mas em compensação amei o saparatel do Frazo, os pães da Padaria Favo de Mel, conhecida como Padaria do Durval e a sopinha de legumes, quentinha, no fim de tarde da turma da igreja. Viagem boa é assim, viver as experiências e sabores da cidade.
Jorge e família já podem ir pensando, fazendo cálculos para investir no projeto de turismo rural. Já tem a Casa Grande, igrejinha e história de Calabar que não foi traidor, apenas escolheu defender os holandeses, em vez dos portugueses, ambos colonizadores.
Rota projeto Narrativas em Movimento
http://nucleozero.com.br / https://www.youtube.com/channel/UCShw_tDT3-bK1bBl44qddew
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4 comentários
Werner
7 anos Atrás
Nide, muito bom o seu texto. Conhecer as cidades de Alagoas é realmente uma viagem deliciosa e vc sabe aproveitar e retratar essas delīcias. Ficamos muito felizes com a sua presença e sua sensibilidade. Vamos para as pröximas. Bj
Nide Lins
7 anos Atrás
AUTORViajar é sempre bom. E conhecer Narrativas em Movimento alimentou minha amiga. Cultura é um bem e precisa ser compartilhado. Que venham mais editais e patrocinadores
Salésia
7 anos Atrás
Uma amiga, que veio ainda menina de Porto Calvo para morar em Maceió, me mostrou a maravilha do projeto exibido em sua terra natal e achei maravilhoso. Ao ler a reportagem que ali tem dedo do meu amigo da época da faculdade, o Werner, enchi-me de orgulho.Parabéns Werner e toda sua equipe. Parabéns Nide pelo texto!!!!
Aniquele
7 anos Atrás
Minha cidade querida! Parabéns Nide Lins pelo seu trabalho!