Eu não encontrei a Lia de Itamaracá, mas essa cirandeira pernambucana, um dia batizada como “diva da música negra” pelo The New York Times, mora no meu coração. Aliás, de muita gente, afinal dançamos eternamente a ciranda da Lia: “Essa ciranda quem me deu foi Lia,/que mora na Ilha de Itamaracá…”.
E assim conheci a bela Ilha de Itamaracá pelo passeio de barco, fiz uma pequena trilha até o Povoado Vila Velha, e por fim assisti o pôr- do- sol no Forte Orange. Esta é uma das experiências do Litoral Norte pernambucano, menos badalado que o sul, contudo rico em histórias e tradições que se estendem pelas cidades de Goiana e Itapissuma.
Se você é igual a mim, que ama viajar pelo mar, rios, histórias, trilhas, claro, se espreguiçar numa rede e ainda saborear as tradições culinárias do Litoral Norte de Pernambuco, sigam as minhas dicas.
Viajei a convite da Secretaria de Turismo de Pernambuco, que junto ao empresariado do Litoral Norte e as prefeituras das cidades estão divulgando o paraíso ainda pouco visitado. Aviso aos leitores, o destino possui uma rede hoteleira menor, mas novos investimentos estão por vir. A turnê pelo Litoral Norte é maravilhosa.
Primeiro dia: Ilha de Itamaracá
Este paraíso pernambucano é famoso pela cantora Lia de Itamaracá, mas assim que a gente chega ao Orange Praia Hotel, a primeira coisa é partir de barco pelas praias da Ilha, praticamente desertas. A primeira parada é na Praia Pontal, para o banho onde o pequeno bar Porto do Celeiro, também conhecido como Dona Chica, abastece nossa gula com fritada de aratu e siri ao coco, simples e bom.
A próxima parada é a piscina natural, garante bom banho e imagens ótimas, a exemplo da “ciranda”, idealizada pelo fotógrafo Artur. Como eu disse, Lia de Itamaracá mora no nosso coração.
O passeio de barco segue até o antigo Forno da Cal, lugar onde derretiam pedras para obter a cal. Em cima do forno (desativado) tem uma moradia de onde se tem a bela vista da Ilha e uma lojinha. Aproveite para comprar as passas de caju, doce tradição do litoral norte, por sinal tradição maravilhosa.
Do antigo forno saem as trilhas, eu fiz uma pequena caminhada, na realidade uma subida leve até o povoado Vila Velha, com sua histórica Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Nesse cantinho, é ideal para se esbaldar nos mariscos, siri e peixe da Cozinha Vila da Conceição (com reservas).
Assistir ao pôr-do-sol do Forte Orange é um espetáculo. A fortaleza foi construída por volta de 1630, pelos holandeses a serviço da Companhia das Índias Ocidentais. Tombado pelo Instituto Histórico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Forte Orange é um dos testemunhos da guerra entre holandeses e portugueses no Nordeste colonial.
De volta para o hotel, uma noite tranquila e café da manhã reforçado para seguir viagem até a próxima cidade de Goiana.
Rota de Itamaracá
Almoço: Vila da Conceição: Rua João Lopes Albuquerque, 325 – Itamaracá/ Sexta a Domingo das 11 h às 16h. Outros dias por agendamento. Whatsapp (81) 98166.6909
Trilhas do Forno do Cal (Hare Mendonça – (81) 9455-7692/ @trilhanailhape
Passeio de barco: Marina de Itamaracá (81)3544.2012
Orange Praia Hotel: (81) 99451.9783 (@orangepraiahotel)
Martur (agência de viagens) passeios pelo litoral norte/(81) 3312.3666 (@martur_pe)
Segundo dia: Goiana
Nem só de mar vive o pernambucano, e a Reserva Ecológica Aparauá é uma prova disso. O lugar é muito lindinho, cercado de verde, e até tem redes dentro d’água do açude para a gente driblar o verão e ser feliz. Ainda tem trilhas, mas, dessa vez, preferi a rede.
São seis nascentes de água que formam um grande açude contornado por Mata Atlântica.
Aparauá, durante a semana, funciona com grupos, e finais de semana é aberto ao público com várias atividades. Detalhe, a comida é regional com destaque para o cozido, mas os mariscos estão presentes.
Imperdível – A cidade de Goiana é rica em monumentos históricos, como, o Conjunto Carmelita formado pelo Convento de Santo Alberto, a Igreja da Ordem terceira do Carmo e o Cruzeiro. Ainda tem a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, e a segunda igreja mais antiga do Brasil, a de São Lourenço, erguida pelos jesuítas, em 1555.
Nas proximidades a Igreja de São Lourenço vale também visitar as Quilombolas de São Lourenço (Rua Matriz 41). Lá, as mulheres marisqueiras usam o mesmo ponto da rede de pesca para bordar colores, e pulseiras e adornos artesanais com as conchas dos mariscos. Artesanato sustentável e criativo, melhor lembrança da cidade pernambucana.
A grata surpresa é o Museu de Arte Sacra Escritor Maximiano Campos, que conta com um acervo de mais de 800 peças, algumas delas pertencentes ao primeiro museu de arte sacra da América Latina.
No Museu, instalado no Sesc de Goiana, funciona a escola de restauração, onde das 800 peças de seu acervo, 260 estão restauradas. O Museu é aberto ao público com agendamento.
Em casa – Na praia de Catuama, o destaque ficou por conta da Pousada Som do Mar, da família Itacira e Carol Rodrigues, mãe e filha. Elas fazem a gente se sentir em casa. Lugar simples, simpático, e comida maravilhosa da Carol.
Carol é formada em gastronomia no Senac de Pernambuco e passou um tempo na Espanha, de lá, trouxe toda esta bagagem para a cozinha da pousada. Uma das estrelas do restaurante é camarão al ajillo (vinho branco, manteiga, azeite e alho) e polvo a vinagrete.
Nos finais de semana a pousada abre o restaurante ao público com reserva. Mas bom mesmo é ficar lá no bem bom na beira do mar.
Rota Goiana
Reserva Ecológica Aparauá: email: [email protected] / Telefone: (81)3224 4324
Museu de Arte Sacra Escritor Maximiano Campos: (81) 3626-5961
Pousada Som de Mar (81) 993401094 (WhatsApp)
Quilombolas de São Lourenço (artesanato): (81) 99241-4327/ Rua Martriz, 41
Terceira dia: Itapissuma
O bom de viajar é conhecer pessoas e suas histórias, como a caldeirada da saudosa dona Irene, que deu fama a cidade de Itapissuma e deixou várias seguidoras. Nas panelas, a mistura boa do mar e da lagoa com mariscos, camarão, filé de aratu, lagosta, sururu, polvo, filé de siri, ostra, e o mais importante, peixe, só arraia e leite de coco. Para escoltar a tradição pirão.
Quem visita Itapissuma tem que sem render à caldeirada, comercializada em oito boxes de frente ao Canal de Santa Cruz, de domingo a domingo.
Quem também escreve história na cidade é o militar aposentado, o pernambucano, joacir Pessoa, do Sítio do Canto, onde guarda relíquias no pequeno museu com peças de engenhos de Pernambuco, e até uma embarcação “Jararaca”, utilizada na Guerra do Paraguai. Também tem uma pequena trilha de mata atlântica para a gente caminhar.
Em u os passeios de barcos pelo Canal de Santa Cruz revelam outras belezas, como a pequena vila de pescadores, onde as caiçaras (casas de apoio aos pescadores) são todas pintadas com painéis de artistas locais dando mais charme ao lugarejo.
Como pernambucano ama receber com festa, antes da caldeirada, teve apresentação da dança piaxaxá (mistura de coco e ciranda) na própria vila de pescadores e, claro, contagiou todo mundo de alegria.
Viajar pelo Litoral Norte de Pernambuco é bom, visse!
Rota Itapissuma
Guia Tur Recpetivo: (81) 98775-6945/
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1 comentário
Yale
3 anos Atrás
Lindo post !!