Quando conheci o Boteco do Urugua, o lugar era um espaço tão pequeno que mal cabia o chef César Piriz, o famoso “Campeon”. Na minha primeira ida ao empreendimento, ainda no bairro do Poço, o chef me olhava desconfiado, afinal, eu fazia mil perguntas, enquanto devora as coxinhas com massa de batata inglesa, um clássico da casa. O engraçado é que eu fui lá só conferir a dica do cantor Junior Bocão, e quando disse que queria fazer reportagem pra o blog, o Campeon também resistiu. “Preciso melhorar meu boteco”, me disse ele, contudo, eu o convenci de que o povo precisava saber das suas coxinhas.
Resultado: a venda de 10 coxinhas por dia, pulou para cerca de 50 unidades. O boteco cresceu tanto que precisou se mudar para uma casa maior, lá no Jaraguá, onde cabe todos os fãs do Urugua. E cá entre nós, estamos com saudade da esquina mais movimentada do bairro histórico. Fé, que tudo vai passar e a gente vai se encontrar numa mesa de bar com cerveja gelada para ouvir a melhor seleção musical do Campeon.
Boteco do Urugua é internacional com comidinhas do mundo. O cardápio vai do sashimi ao acarajé, passando pelos churrasquinhos, bolinhos, camarão empanado, lingua de boi, empanadas, hambúrguer artesanal… Por aí vai. São mais 50 de petiscos, claro, por conta da quarentena está reduzido, mas liga para Angelica (82 89153-8337), que ela envia o cardápio do dia.
Grávido: o pastel na realidade é empanada do Uruguai, que parece que está gravido, impossível comer apenas um. O de salmão com queijo é campeão de vendas, lembra sushi japonês.
Trajetória – César nasceu em Paysandú, interior do Uruguai, ainda criança mudou-se para Montevidéu. Terminou o segundo grau e começou a trabalhar. De tudo fez um pouco. Foi ajudante de cozinha num barco de pesca em alto mar e labutou em supermercado, padaria e por aí vai.
César era hippe e um viajante errante, e assim pela estrada, onde viajou a pé e de vez em quando pegava carona, chegou ao Brasil somando quatro anos de aventura por cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Sergipe. Mas quando chegou ao Recife, o calor danado pedia um mergulho no mar. A partir daí sua vida virou pelo avesso: roubaram todos os seus pertences e, sem lenço e sem documento, só restou viver na rua.
Decidiu tentar a sorte na capital alagoana, embora tenha sido alertado de que aqui era “terra de matador”. César não deu ouvido. Sem conhecer ninguém e sem documentos, trabalhou nas ruas da capital alagoana, lavando e tomando conta de carros por uns trocados. Até labutou por um prato de comida por dia numa loja de autopeças.
Graças a solidariedade em forma de sopa com tempero de amizade, doada pelos voluntários da Casa dos Espíritos, César encontrou uma oportunidade. Lá, ele conheceu Prazeres, que deu ao morador de rua a possibilidade de ser vendedor de confeitos. Daí, ele economizou e partiu para comercializar cachorro quente em uma bicicleta.
Boteco do Urugua
Coxinha – R$ 6,00 / – Aceita-se cartões/ De segunda a sexta-feira das 17h até 22h
Rua Melo Póvoas, 165, Jaraguá/ Depois do Centro de Convenções (sentido Jaraguá/ Pajuçara)/ Funciona de segunda à sexta, das 16 horas até a meia noite/ Telefone:82 99153.8337
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3 comentários
Josiene Santos
4 anos Atrás
Assino em baixo tudo o que foi dito sobre o Capeon, o Boteco do Uruguai é tudo isso e muito mais! Eita, chega dá água na boca. Tudo é muito delicioso ?! E entrega em delivery nessa pandemia?!
Priscila
4 anos Atrás
Parou de contar a história dele e nos deixou na curiosidade! ?
Nide Lins
4 anos Atrás
AUTORBoa noite, desculpa, completei a matéria Priscila