Por um bom prato de comida, eu viajo o mundo. Para longe ou distante, conhecer lugares, gente e sabores é bom demais. E meu próximo destino é União dos Palmares para matar saudades das receitas afro, como a moqueca de ovos da Mãe Neide (@maeneide), que nesta quinta-feira, reabre seu Baobá (@vemprobaoba), com aroma de dendê, naquela cidade. E além de uma repaginada na casa, agora é a la carte de quarta-feira a domingo. A chef mãe Neide, que venceu a Covid-19 e o preconceito, prepara uma moqueca abençoada pelos orixás, além de outros pratos cheios de histórias da cozinha afro.
A moqueca de ovos é simples e saborosa. São ovos regado ao azeite de dendê, leite de coco, camarão defumado, especiarias e pó de camarão (substitui o sal). Para acompanhar, arroz branco, farofa e, não esqueça, pimenta. Para beber, o refrescante xequeté.
Nas panelas de barro do restaurante Baobá, tem acarajé, moqueca de ovo, amalá, galinhada, malungos, entre outras receitas temperadas com história dos africanos que chegaram no Brasil como escravos. Segundo a chef da casa, Mãe Neide, muitas receitas nascidas dos restos de comidas dos brancos, como o feijão quilombola preparado com grãos pretos, brancos e misturados com pés bovino e suíno, costela, bacon, linguiça, ervas verdes…
Tradição: Os minis acarajés com camarão seco, vatapá e caruru dão boas vindas ao Baobá. A iguaria culinária afro-brasileira é comida de Iansã – orixá dos bons fluidos e das energias positivas.
Imperdível é o xequeté (com ou sem álcool). A bebida é preparada com suco de maracujá, mel, canela e o gengibre (bem presente no paladar).
Galinhada – A ave de capoeira tem a carne mais escura que o frango de granja, e é muito mais saborosa. Na panela da Mãe Neide, a galinha é cozinhada com alfavaca, pimenta de cheiro, manjericão, cebola roxa e outras ervas. É de comer agradecendo aos orixás pela maravilha.
Malungos – É um prato festivo com amendoim cozido com linguiça, bacon, charque e carne de sol. Segundo Mãe Neide, os negros escravos do Brasil faziam esse prato para comemorar a liberdade de um deles, por exemplo. Sua base é o amendoim, que representa fertilidade.
Amalá – Na receita, carne do peito de boi cozida com quiabo, azeite dendê, camarão seco e gengibre. Detalhe, não leva sal. Segundo mãe Neide, os escravos usavam pó de camarão seco e ela segue a tradição: é pó de camarão seco, fabricação da casa, que dá sabor divino.
Trajetória – Maria Neide Martins, conhecida como Mãe Neide Oyá D’Oxum, nasceu no município de Arapiraca. Formada em gastronomia, desde menina aprendeu a cozinhar, em especial com a sua vó, quituteira de mão cheia na cidade do Agreste. Patrimônio Vivo Cultural do Estado, fundadora da ONG Centro de Formação e Inclusão Social Inaê, mãe Neide.
Restaurante Baoba (árvore da vida), da Mãe Neide, é cozinha simples, temperada nas tradições do pó do camarão seco e do dendê e com muito axé e histórias.
Rota Baobá
Preço a partir de R$ 20,00/ Aceita-se cartões
Funciona de quarta a domingo das 11h30 até 16h
Estrada para Serra da Barriga, União dos Palmares/ Telefone: 82 99973-5956
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