No final do ano assisti a um vídeo no Instagram de Anair Araujo (@anairmcz), um registro engraçado e real dela com seu filho, o chef Rodrigo Aragão (@rodrigoaragaoal). Eles cantavam a música “Mamma Mia!”em um microfone fictício (uma escumadeira) na cozinha do Ôxe (@oxe_maceio), Lali (@lalirestaurante). Os dois se fundiram para não falir. Era 2 de julho de 2020, e, diante de tantas incertezas era preciso descontrair no momento difícil vivido pelos restaurantes e bares não apenas de Maceió, mas em todo Brasil e no mundo. E assim 2020 foi um ano tenso, triste, e de partidas. Muitos fecharam suas portas, como os restaurantes Cambito no Centro de Maceió, e o Kawamura, na Jatiúca; cito esses dois, pois era fã das cozinhas.
link do video do Instagram: https://www.instagram.com/p/CJa8TFCAsKudOKCOXiidjxZHVJu56JXijZ70Zg0/?igshid=1okdyen0bedhw
E 2021 chegou, Anair repostou o vídeo com um texto que representa bem os donos de botecos, bares e restaurantes. E a história é empreendedora: antes de virar restaurante, o Ôxe começou num pequeno food truck, há seis anos, tornando realidade um sonho do professor de geografia, Rodrigo Aragão. Depois, sua mãe Anair embarcou na história e investiu toda sua indenização do último emprego em um novo restaurante, o Lali. Mas a pandemia fez tudo mudar, assim, o Ôxe, se tornou delivery e pegue e leve como alternativa de sobrevivência. Para eles, eram dois aluguéis, duas folhas de pagamento, enfim, tudo em dobro, e a solução foi fundir os dois restaurantes num só, negociar as dívidas, reduzir o cardápio, entre outras, medidas para passar a tempestade.
No último sábado, no restaurante, Anair e Rodrigo dividiam as funções: ela no atendimento, ele na cozinha, e ainda com o auxílio luxuoso do João, felizes, lutando como bons nordestinos. Provei um prato novo, carne de sol de cupim com baião de dois, e de entrada a croqueta de carne suína com picles de maxixe. Lá a cozinha é simples, brasileira, mas caprichosa. No dia a dia, a dupla vai conquistando o coração dos fornecedores. “Quando pescam bejupirá, já vem direto para minha cozinha, porque no restaurante prezamos a amizade com os fornecedores”, conta Rodrigo.
O novo ano chegou, mas a pandemia não acabou. Ainda sem previsão da vacina, só resta nos proteger, não aglomerar, nada de abraços e nem beijos, usar mascará, álcool em gel, lavar as mãos e ter fé.
Aproveito para compartilhar o texto de Anair, que tão bem representa muita gente que lutou para não fechar seu negócio. Do pequeno empreendedor ao grande, vide Divina Gula com quase 100 funcionários, não deve ter sido fácil viver de delivery e pegue e leve. Leiam:
“O ano que a gente trabalhou mais de 12 horas por dia, praticamente todos os dias, com o único objetivo de manter de pé o nosso negócio. Nervos a flor da pele, dívidas, insegurança, divergências…No auge da crise, com o restaurante fechado, ninguém via, a gente se abraçava e comemorava quando recebia um pedido pelo delivery!
Ficamos chateados e discutimos inúmeras vezes porque pensamos diferente, e quando isso acontecia o dia ficava tenso, nebuloso… Dias em que a gente, secretamente, pensava em desistir, mas essa opção não estava disponível.
E, assim, persistimos dia após dia, lutando, chorando e sorrindo juntos. Aprendendo um com o outro e enfrentando um dia de cada vez.
Tivemos que abrir mão de um restaurante para continuar operando e deu certo!! A empresa não só sobreviveu como ficou melhor. Conseguimos manter nossos fornecedores e negociar a maioria dos nossos compromissos.
Então chegamos ao final “desse” 2020, que ano!
Quantos obstáculos e quanto aprendizado!
Sei que desafios sempre surgirão, mas tenho a certeza de que a serenidade estará presente e saberemos usá-la.
E apesar “desse ano” eu só tenho a agradecer porque nosso negócio está de pé e porque atravessamos essa tempestade livres da covid-19, mesmo estando tão expostos indo para feiras e supermercados diariamente.
Agradeço a Deus e Nossa Senhora Aparecida, nossa protetora!
Agradeço a você meu filho, meu sócio, meu patrão, meu funcionário (rs) pelo seu amor e por acreditar na gente!!
Podemos dizer: Nós conseguimos!
Te amo!”
Anair.
E assim seguimos, cada um com seus sonhos e forças para enfrentar o mal do século, a covid-19. Vamos temperando 2021 com fé, porque brasileiro, especialmente o nordestino, não foge à luta.
Ôxe, Lali: Av. Dr. Antônio Gomes de Barros (antiga Amélia Rosa), 172 – Jatiúca/ Telefone: (82) 3028-6560
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