Toda segunda-feira, quando as estrelas aparecerem, já vai ter gente esperando o Samba da Periferia no Bom Bar, a festa mais democrática do bairro do Prado. Mas ninguém sonha mais com esse dia, do que Elizete Mendes dos Santos, 47 anos, sambista oficial do bar. A alagoana dança com a bacia cheia de amendoim e ovos de codorna, entre 10 a 15 quilos, na cabeça, com muito samba nos pés e equilíbrio no corpo. Mãe de 8 filhos (um adotivo), ninguém imagina que por trás da simpatia da Elizete tem uma história sofrida, contudo, ela vive como a música: “Levanta, sacode a poeira E dá a volta por cima”.
Aos 13 anos virou adulta, mãe do seu primeiro filho, não demorou muito e teve mais dois e com terceiro na barriga, foi para São Paulo morar na casa do sogro. O primeiro marido faleceu e a partir daí comeu o pão que o diabo amassou. “Não tinha para onde ir, era xingada de todo nome pelo meu sogro, trabalhei de doméstica, até que um dia voltei para Maceió”, conta Elizete, atualmente casada com Roberto, que trabalha com reciclagem.
De volta para Maceió, sua mãe Maria José (falecida) a ensinou a torrar e cozinhar amendoim e assim se vão 16 anos vivendo dignamente como ambulante, e graças ao samba do Bom Bar, a segunda-feira é seu melhor dia de vendas. Mas todo dia, faça sol ou chuva, ela sai vendendo seus amendoins e ovo de codorna pelo bairro do Prado.
Como aprendeu a sambar? Desde os 8 anos Elizete tem o samba no pé, e sua escola foi o programa Cassino do Chacrinha, vendo as chacretes, como a Rita Cadilac. “Não tenho paciência com meus netos (7), mas na mesa deles não falta comida, ajudo como posso. Não passei fome em São Paulo porque os vizinhos eram solidários. Aprendi a viver, não virei coisa ruim, porque o que eu passei não foi fácil. Meu sonho é ter uma casa própria, e claro, saúde não pode faltar”, diz Elizete, nossa sambista número da passarela da vida.
Telefone para encomendar amendoim e ovo de codorna: Elizete – 82 99158-4344
Visits: 0
1 comentário
Maria Sant'Ana
1 ano Atrás
Admiro demais a Elizete, nunca vi essa mulher triste. Sempre de cabeça erguida e levando alegria por onde passa.