Nossas avós passavam horas a bordar crochê para presentear neto ou neta prestes a chegar. Nos lares, forrar a mesa ou a cama com bordados era uma tradição, com o passar do tempo o bordado foi perdendo o valor emocional, tanto que bordar é raro.
Mas o tempo dá muitas voltas, e crochê não é apenas moda, principalmente para Solange Arruda. Sou fã da brasiliense (coração alagoano) desde que vi seus primeiros círculos coloridos dos crochês nas pulseiras e colares, nas feiras do Sebrae.
Os círculos coloridos de crochê e tecido são lembranças dos dias ensolarados de Maceió. Solange Arruda é sem avesso, do outro lado tem tecidos, linhas, pontos, cores, vida de uma designer de acessórios bordados a mão, ponto a ponto.
A alagoana de coração não aprendeu com avó, mas com uma amiga da mãe, dona Joaquina, que por sinal não gostava de ensinar, mas abriu o coração para Solange. A mestra era exigente e perfeccionista, e ensinou a Arruda com quantos pontos se borda a vida.
Assim, Solange entre linhas, agulhas, tecidos começou a bordar o empreendedorismo. No início a timidez e o medo a fizeram atravessar todas as fases sem pressa. Primeiro vendendo para as amigas, em seguida numa feira em Brasília, até que um dia soube de uma feira em São Paulo, a Craft Design.
Sem ter como investir num estande na Craft Desing, visitou a feira usando um dos colares, e com o auxílio de uma bolsa colocou todo o seu trabalho.
“Circulei pela feira, até que uma francesa pegou no meu braço e perguntou onde eu comprei o colar. Disse que eu fazia, mas que não tinha para vender. Ela olhou e disse: com uma bolsa enorme e não trouxe para vender? ”, recorda Solange. Mas no final das contas, comercializou todas as peças no banheiro na feira, e de lá já saiu expositora.
Com o apoio do Sebrae virou microempresária, e o bacana, o bordado de Solange agrega valores às mulheres de artesãos da cidade de Feliz Deserto com a palha da taboa, e em São Sebastião com o bilro. Agora, com a nova coleção Elas, que será lançada, a cerâmica da comunidade Jacu e Moco, na cidade de Porto das Trincheiras, são artigos de arte.
As peças de cerâmica são fruto do projeto Saber Tradicional das Mulheres Quilombolas, com a consultoria da arquiteta e designer Mirna Porto, que também em breve será tema do meu blog.
No dia 27, Solange Arruda festeja um ano de loja, embora há dez anos de mercado, o seu crochê borda sentimentos de bem querer, sem avesso, coisa de vó, no novo conceito e design: as mãos possuem o devido valor de arte.
Solange Arruda
Rua jangadeiros alagoanos, 1206, loja 3. Fone 3013.1960.
Atualmente, 20 mulheres de Maceió e Campo Grande bordam as criações de Solange Arruda.
Visits: 11
1 comentário
Vanessa Gonçalves
9 anos Atrás
!º ano de loja e muitos anos de sucesso!!! Parabéns Solange e todas as 20 mulheres guerreiras, sem falar no apoio de Marcelo (esposo) e Gabi (filha) que sei são fãs de primeira!!