Nos anos 70 a praia da Avenida era o “point” da juventude dourada – bronzeada, melhor dizendo – e das badaladas festas do Clube Fênix. Nesse cenário maceioense, em 1973, aterrissou num ponto da calçada da Avenida da Paz um trailer identificado Passaporte Gaúcho (o termo food truck não estava na moda). Iniciava seus trabalhos ao por do sol oferecendo três opções de sanduíches: minuano, passburger, passaporte de salsicha (depois recebeu carne moída com batata) – todos abraçados por um suave pão seda. Por trás do balcão, apenas um casal, vindo da cidade gaúcha de Bom Retiro Sul. Milton e Laci Braun produziam e vendiam os sanduíches e logo conquistaram os alagoanos pela boca. Virou moda.
Depois de 42 anos de saboroso trabalho, o Passaporte Gaúcho continua em voga. Atualmente oferta 25 sabores, e – segundo as pesquisas da casa – o favorito é o de carne moída com batatas, salsicha e legumes. Mas há a turma apaixonada outras opções. Eu, por exemplo, sou fã de dois: passaporte de frango desfiado com ervilha, queijo; e o passburger com bife, presunto, queijo prato, tomate, alface, queijo ralado. Ambos servidos no tradicional pão seda e regados com muita maionese, uma receita caseira de dona Laci.
Qual razão do sucesso? Empreendedorismo, pioneirismo, qualidade e persistência. Milton e Laci chegaram em Maceió no ano de 1971 (trazendo, a tiracolo, a pequena Cris Braun) movidos pelo sonho de montar uma fabrica de embutidos. Frente às dificuldades de viabilizar o projeto original, Seu Milton, ex-açougueiro, teve a brilhante ideia de vender sanduíches num trailer, moda que já existia no Rio Grande do Sul.
No começo não foi fácil, a salsicha não era encontrada no mercado e tinha de ser importada de outras praças. Como a tradição alagoana era do sanduíche de carne moída com batata inglesa (nas festas de rua, como da Praça da Faculdade, a mistura era servida sobre uma rodela de pão francês) a inovação principal ficou por conta do acréscimo do embutido, sem contar com a afirmação do pão seda. A receita mantem-se como celebridade até hoje e durante essas décadas inspirou muitos outros mestres-sanduicheiros.
Todas estas lembranças estão bem guardadas pela filha do casal, Cris Braun, cantora e compositora de enorme talento. “Minha mãe herdou o talento da minha vó Juventida para cozinhar. Todos os temperos e molhos são criações dela. A receita do frango é de família, e ela faz tudo no capricho”, lembrando que o sobrenome Braun é de origem alemã.
No passaporte de frango, um dos favoritos (como dito antes), a ave é cozida bem devagar com legumes, e um dos segredos do tempero é a salsa. Depois é desfiada e mantém textura macia, não é seca e nem molhada. Já a carne de boi usada nos sanduíches é exclusivamente alcatra. A receita da maionese caseira é a de sempre: óleo, ovo… o diferencial é o ponto certo no liquidificador.
Do trailer na calçada da Avenida da Paz para a atual casa de sanduíches na Praça do Centenário, no bairro do Farol, o Passaporte Gaúcho é lugar sagrado dos amigos, da família, dos solitários, dos turistas – é nosso, patrimônio da culinária alagoana.
Por falar nisso: Qual a sua história e seu sabor predileto no Passaporte Gaúcho?
Rota Passaporte Gaúcho
Preços de R$11 até 16,00 – Aceita cartão e entrega em casa
Funciona das 18h até meia noite de domingo a quinta/ sexta e sábado até 3 da manhã
Avenida Santa Rita, Farol (Praça do Centenário) – Telefone: 3336-6147
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25 comentários
Patrícia Barros
9 anos Atrás
Nide, parabéns pela matéria!!! O Passaporte do Gaúcho faz parte da vida de tantos maceioenses. Sem dúvida, o melhor da cidade!!!
Rafael Almeida
9 anos Atrás
O sanduba é bom, mas, poderiam ter dado uma caprichada nas fotos. Não deu vontade de comer.
Nide Lins
9 anos Atrás
AUTORgrata, Rafael, as fotos são minhas, mas as minhas fotos não são de estúdios e nem maquiadas. São reais, e não coloquei muito maionese para todo mundo vê que o recheio é farto. As fotos tão feias, mas os sandubas são ótimos.
manoel miranda
9 anos Atrás
Nide,
O gaúcho inovou também nos nomes dos sanduíches. Passaporte virou sinônimo de hot-dog e faz alusão ao documento usado para atravessar fronteiras. Já o minuano, o meu preferido, alude ao vento que sopra lá no rio grande. Seria bom voltar a conversar com os braun para que eles expliquem melhor essa história. Dá boa matéria.
um abraço
miranda
joao Luiz Santos
9 anos Atrás
Eu tenho muita saudade pense num passaporte muiti bommmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm demaissssssssssss
Isabel Vasconcelos
9 anos Atrás
Eita que agora deu saudade!! parece que viajei no tempo com essa matéria. Realmente o Passaporte do Gaúcho nos remete a muitas lembranças. E o sabor é sempre maravilhoso. O meu preferido é o de frango com ervilhas e bastante maionese! Aliás, antes pedíamos..” mandar um passaporte de galinha”. rsrsrsrs.
Reinaldo Ciqueira
9 anos Atrás
Aos 12 anos de idade, proveniente do interior alagoano, vim morar com meu tio na Capital, o saudoso Gerônimo da Adefal, tudo era novidade para aquele jovem matuto, inclusive o tal Passaporte do Gaúcho, que naquela época já estava instalado no canteiro da praça na Av. Santa Rita.
Recordo-me que comer o “Gaúcho” era sinal de bonança, uma vez que, o parco dinheiro da família não permitia idas constantes ao famoso trailer.
Depois de 28 anos ainda guardo na memória aquele ritual de comer o tal sanduíche, momentos que não significavam apenas pecados da gula, mas dia de fartança.
Breno das Neves Silva
9 anos Atrás
Faltou acrecentar que o trailer identificado Passaporte Gaúcho foi instalado na avenida Fernandes Lima em frete a praça do centenario e passou varios anos.
Remi Lima
9 anos Atrás
Nos anos de 1979, 1980..81..82 sempre me deliciava com o passaporte de carne picada com bastante maionese, na praç a do centenario …… até hoje, qdo lembro do paladar divino, dou uma chegadinha no inimitável passaporte do gaúcho.
Giuseppe Gomes
9 anos Atrás
Logo no início, ficamos – como sempre são os sertanejos – desconfiados da amabilidade do “seu” Milton, que nos oferecia aquele pão enorme, recheado de guloseimas. Fomos nos aproximando e tornei-me freguês assíduo do “Gaúcho”, sendo o meu preferido até hoje – quando vou à Maceió – o Passburger. Os molhos são realmente deliciosos e na época, a gente falava – enquanto devorava o preferido – que seu Milton daria um prêmio a quem conseguisse comer sem se sujar. Ele apenas ria, por trás do balcãozinho do trailler. Parabéns à família gaúcha que com perseverança e bons serviços evoluiu, para nossa alegria!
Líllian de Jesus
9 anos Atrás
Já fui ao passaporte Gaúcho,junto com uma parte da família e além de uma boa comida é um excelente lugar, confortável aconchegante, recomendo e voltarei lá sempre que possível e levarei sempre alguém comigo.
maria cristina braun
9 anos Atrás
Querida Nide, antes de tudo; meus pais, já idosos agradecem emocionados a matéria !!! Eu achei tudo lindo- as fotos naturalíssimas sem botox, feitas pela sua generosidade e carinho. A matéria, nem se fala… !!! E aos que aqui comentam agradecemos o carinho e sempre contamos com vcs para servi-los com dedicação e capricho !
Aloisio
9 anos Atrás
‘… oferecendo três opções de sanduíches: minuano, passburger, passaporte de salsicha com carne moída – todos abraçados por um suave pão seda.”
Correção: na época não tinha passaporte de salsicha com carne moída, era apenas salsicha. No caso, as três opções eram Salsicha, Passburger e Minuano.
Nide Lins
9 anos Atrás
AUTORAloisio estas informações foram passadas pela própria familia do passaporte Gaúcho. grande abraço
maria cristina braun
9 anos Atrás
Querido Aluísio, que boa esta informação que nos passa. Pois mesmo papai está bastante esquecido, e foi esta info que passei para a Nide.- tz tenhas razão, mas lembro que logo em seguida inseriu-se a carninha que era um ingrediente da terra. Obrigada pelo carinho e memória.
sergio almeida
9 anos Atrás
Parabéns pela matéria. Moro ha mais de vinte anos fora de alagoas, mas todas as vezes que vou aí tenho que comer um passaporte (esse nome so existe em alagoas). Inclusive o ano passado levei dois colegas do maranhao que adoraram o sanduíche.
Lu Ribeiro
9 anos Atrás
Nosso querido gauchão dos fins de noite após as baladinhas e ipaneminhas da vida… rsss… e lanche oficial dos domingos à noite. Melhor não há. Foi, é e sempre será o passaporte. Parabéns aos queridíssimos dr e sra Braun e a nossa Cris.
Renata Bertolino
9 anos Atrás
Não resisti, tenho que comentar é um sanduíche único. Para mim é o melhor de todos que já comi. O meu preferido é o passburger, mas o bauru no prato tb é irresistível. Adorei conhecer a história do melhor sanduíche de Maceió 🙂
Maria do Carmo Milito Gama
9 anos Atrás
Matéria linda! Parabéns, Nide! Esse resgate é muito necessário para a nossa história. E na minha história, o Passaporte de D. Laci e Seu Milton sempre esteve e ainda está presente. Dia desses estive lá, me deliciando com um Minuano, o meu preferido.
E nos anos 70… Ah, são tantas histórias no Passaporte, com Cris e tantos outros amigos, que só outra matéria pra contar, rsrsrsrs…
Valeu, Nide! E parabéns e obrigada à querida família Braun, por manter a qualidade nos sandubas e até hoje nos fazer os lambuzados mais felizes e satisfeitos da cidade.
Ivana Vieira
9 anos Atrás
Nide,te sigo no Instagram também, e postei lá sobre o Sr. caldinho; trata-se de um trailler que todos os domingos é instalado nas imediações do evento “Vem ver a banda tocar”, na orla daqui de Ponta Verde. São caldinhos variados, da Andréa e do Luiz, um casal muito simpático que já faz parte do cenário magnífico ( o casal e os caldinhos) da orla aos domingos, na parte fechada ao lazer; uma delícia que vicia, e o atendimento é top, o que justifica a clientela seleta e fiel dos dançarinos e público do espaço. Os caldinhos vão desde o tradicional de feijão, com ovo codorna, coentro e torresmo selecionado, a bacalhau, sururu, frango caipira, macaxeira com charque, e com as opções também de coentro, ovo de codorna e torresmo. Vale muito à pena conferir e divulgar: a banda e os caldinhos fazem a vida da orla muito mais feliz. Recomendadíssimos mesmo!!!
Lee Charles
9 anos Atrás
Ótima matéria Nide Lins, sou do Mato Grosso do Sul e ainda em adaptação na região.
Acompanho suas matérias, parabéns pelo belo trabalho.
Abs
Martha Wanderley
9 anos Atrás
Adorava, e adoro ainda hoje! Não sei se lamento, ou dou graças a Deus, não ter aqui na parte baixa da cidade, por que iria ter uns quilos a mais com certeza! Parabéns ao Sr. Milton e Dna. Laci, por terem trazido essa maravilha para cá; e a Nide pela matéria!
João Sapé
9 anos Atrás
Acompanho suas matérias conheço bem o passaporte lembro também da época do ZIP ZIP na Pajuçara em 79 uma beleza.
Luiz Fenandes
9 anos Atrás
Sou cliente do passaporte do Gaucho desde que me conheço por gente, tenho um tio que mora em S Paulo e todo ano que vem a Maceió tem que ir no Gaucho para matar a saudade.
Uma sugestão, o passaporte do Gaucho já devia ter virado patrimonio imaterial ou culinario de Alagoas
Ana
9 anos Atrás
Não resisti e fui lá comer…