Num dia de sábado com sol, viajei com Mariana Bernardes, Marcos Vieira, Lícia Melro e Kris Saboya com destino ao Engenho Caraçuípe, na cidade de Campo Alegre. Com a missão de saborear as receitas vencedoras do concurso gastronômico Chef do Engenho, da Faculdade Mauricio de Nassau em parceria com a Caraçuípe, a cachaça alagoana. Recentemente, a empresa conquistou o prêmio medalha de Prata no “Concurso Mundial de Bruxelas, Edição Brasil – Concurso Nacional de Vinhos e Destilados”.
Conheci o Engenho em 2013, mas além do prêmio que confere a qualidade internacional da branquinha, a cachaçaria não parou por aí, tanto que em novembro deste ano será lançada a Caraçuípe “platinum”, a destilada pra lá de nobre, com três anos de envelhecimento em barris de carvalho e, no futuro, a com selo de Reserva. Atualmente são produzidas a Ouro e Prata.
Mas a premiada Prata inspirou os futuros chefs. Os alunos da Nassau criaram receitas de drinks, pratos principais e sobremesas usando a branquinha com seu aroma da cana de açúcar. E nesta história eu virei cobaia, com a “árdua tarefa” de experimentar os drinks e as iguarias dos vencedores na fazenda Escorrega, em Campo Alegre, onde se guarda a história da cachaça.
kris Saboya criou o drink refrescante, com frutas da estação e a cachaça prata. Perfeita pra drinks. De quebra, ainda preparou uns com limão Galego, para a gente lembrar que a nossa cachaça alagoana rende ótimos drinks com as frutas regionais. Saboya já é barman, e contou que o segredo do drink é usar xarope de açúcar, em vez do granulado.
Já a preparação das codornas recheadas com cogumelos, enroladas no bacon, lembra o filme “Festa de Babette”. Os amantes da gastronomia devem ter assistido ao filme, onde uma das cenas é exatamente com esse tipo de ave. Pois bem, a nossa Babette é Lícia Melro, que criou as codornas do Engenho. Elas são flambadas com a Caraçuípe Prata, depois grelhadas e recebem molho de amora misturado à cachaça. Para acompanhar, um purê de mandioquinha (textura de seda) que ela faz com uma boa batedeira, uma dica da nossa futura chef Lívia. Sobre o filme acesse o link (http://sociedaderacionalista.org/2013/04/11/a-festa-de-babette-da-gula-a-redencao-do-espirito/)
Marcos Vieira conseguiu transformar a maçã (acho a fruta sem graça) numa geleia maravilhosa. Ele acertou em cheio ao usar maçã, gengibre e cachaça para fazer a geleia refrescante, quebrando o doce do leite condensado. Eu sugeri que ele fizesse a geleia para comercializar.
No final da postagem, veja as receitas.
História
A cachaça alagoana é um projeto da família Renato Coutinho, que mergulhou no sonho do seu avô Antonio e de seu tio Benedito, desde quando, em 1933, adquiriram o Engenho Caraçuípe, ainda em Pernambuco. A história do engenho prosseguiu na cidade de Campo Alegre, Alagoas, onde o verde da cana de açúcar predomina. Da fabricação, 75% (coração da cachaça) é transformado em aguardente, os 25% restantes (10%, cabeça e 15% , calda) viram álcool. Aliás, no processo de feitura da cachaça tudo é aproveitado: o bagaço vai para a caldeira e o vinhedo para fertilização. À frente do empreendimento, o casal Renato Coutinho e Cristiane Dantas.
Atualmente, a empresa produz a Ouro, envelhecida em barris carvalho por um ano e meio, e a Prata em barris com madeira neutra, durante um ano. O Engenho não usa aditivos químicos e nem corante na fabricação de seu produto.
O Engenho Caraçuípe, em Campo Alegre, é aberto à visitação pública (precisa agendar) e tem uma loja muito legal que comercializa artesanato, em especial dos artistas do atelier de João das Alagoas (Capela), além de produtos alagoanos, a exemplo dos doces.
Receita Drink Cleo (Por kris Saboya)
8 acerolas/ 8 pitangas/ 20 ml de açúcar de gengibre com pimenta/50 ml de cachaça Caraçuípe prata/ 40 ml de licor de cacau/ gelo/ 20 ml de suco de limão
Coloca as acerolas e pitangas na coqueteleira, bater bem até que todas estejam bem maceradas; adicionar o suco de limão, açúcar, licor de cacau, gelo e a cachaça, fechar a coqueteleira para misturar bem os ingredientes até dissolver o gelo.
Drink clara
5 pedaços de limão galego/ 30ml de suco de limão/ 25ml de açúcar/ 50 ml de cachaça/ gelo
Colocar os pedaços de limão na coqueteleira, macerar bem para extrair o máximo de suco dos pedaços das frutas. Em seguida, adicione o açúcar, suco de limão, cachaça e gelo. Tampar a coqueteleira e agitar bem. Dica: não use açúcar granulado, aposte no xarope (água e açúcar), igual a fazer a calda de pudim em fogo baixo. Para 1 litro de água, 350 gramas de açúcar. Com o xarope, o drink fica mais homogêneo e sem resquícios de açúcar na coqueteleira ou no copo.
Codorna do Engenho (Por Lícia Melro)
Recheio da codorna
4 cogumelos shitake/ 100 g de cogumelos shimeji/ 100g de Champion ou outro de sua preferência/ 1 cebola cortada em meia lua bem fina/ sal/pimenta/ azeite/ 100g de creme de leite/ cachaça Caraçuípe Prata a gosto.
Modo de preparo: aquecer o azeite e refolgar a cebola até ficar transparente; acrescentar os cogumelos e deixar murchar, temperar com sal e pimenta. Colocar a cachaça e flambar. Juntar o creme de leite e deixar secar um pouco.
CODORNA:
6 codornas limpas e desossadas/ 2 dentes de alho/ sal/ pimenta do reino/ 6 fatias de bacon finas/ azeite
Modo de preparo: temperar as codornas com sal, alho e pimenta e deixar por uma hora. Após esse período, rechear a codorna com os cogumelos e fechar com palitos; enrolar a codorna (no peito) com o bacon. Em uma frigideira aquecer o azeite e depois selar as codornas para que fiquem douradinhas. Passar para uma assadeira e colocar no forno por aproximados 15 minutos.
MOLHO DE JABUTICABA (OU AMORA): 320 g de geleia de jabuticaba ou amora/ o dobro da quantidade de água (utilizo o vidro da geleia)/ ervas a gosto/ 1 dente de alho/ 1 colher de sopa de acetato balsâmico/ cachaça Caraçuípe Prata a gosto/ 13 g de amido (uma colher de sopa)/ 30 g de manteiga (duas colheres de sopa)/ pimenta do reino.
Modo de preparo: misturar a geleia com a água e levar ao fogo, misturando bem; colocar as ervas, a cachaça, o acetato, o alho e a pimenta. Deixar reduzir à metade. Coar e acrescentar o amido e mexer bem. Desligar o fogo e misturar bem a manteiga com um fouet para encorpar.
Purê de mandioquinha: 1 kl de mandioquinha/ 45 g de manteiga (três colheres de sopa)/ 200 g de creme de leite (uma caixinha)/ 100 g de requeijão (½ copo)/- sal / noz moscada.
Modo de preparo: cozinhar bem a mandioquinha até que fique bem mole; levar à batedeira ainda quente com os demais ingredientes. Bater bem até ficar uniforme.
Creme Doce de Cachaça (Por Marcos Vieira)
O doce é uma homenagem aos antigos doces portugueses que tinham como base a utilização da gema. Também presentes, o açúcar e a cachaça, elementos que compõem a nossa tradição e cultura.
Creme: 395g de leite condensado/ 1 gema/ 70g de creme de leite gelado/ 100g de requeijão cremoso/ 30ml de cachaça Caraçuípe Prata.
Modo de preparo: Numa panela , adicionar o leite condensado, a gema sem pele e mexer, levar a panela ao fogo baixo até levantar fervura. Acrescentar 15 ml de cachaça, creme de leite gelado e requeijão. Mexer vigorosamente até antes do ponto de brigadeiro. Desligar o fogo, acrescentar o restante da cachaça Caraçuípe Prata, mexer mais e levar à geladeira.
Geleia: Ingredientes: 15 ml de manteiga de garrafa/1 maçã sem casca laminada no mandolin/ 5 g de gengibre ralado/15 ml de cachaça Caraçuípe Prata/ 40g de açúcar demerara.
Modo de preparo: Levar à panela a manteiga de garrafa, maçã laminada e mexer. Adicionar o gengibre ralado e continuar mexendo até começar a dourar a maçã. Flambar na cachaça e acrescentar o açúcar demerara até derreter completamente. Deixar esfriar.
Montagem da sobremesa: Numa taça Martini, colocar o creme (mexer bem antes), cobrir com castanha torrada picada, adicionar um pouco de creme por cima, adicionar a geleia em pequena porção no centro do doce, e finalizar com um ramo de manjericão polvilhando com mais castanha torrada picada.
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3 comentários
NELMA BARROS
9 anos Atrás
Bom dia Nide
Sou uma alagoana, mega orgulhosa da terra onde nasci e são matérias como a que acabei de ler que paz parte do meu orgulho. Parabéns, breve pretendo agendar uma visita e conhecer “in loco” esse sabor da terra, e amo uma dose da “branquinha” para abrir os trabalhos da boa mesa. Ah, e gosto de presentear também, com certeza alguém será presenteado. Adorei, ficou um gostinho de quero mais. Parabéns chefs e proprietários desse engenho. Abraços.
arivaldo gaia maia
9 anos Atrás
Sou um grande admirador de Renato, da família inteira, mas ainda acho impraticável o preço cobrado pelas unidades da deliciosa Caraçuipe. Em se tratando de produto para exportação, vale destacar o valor alto das embalagens e dos custos cobrados que são altos. Mas, para o consumo interno dos apreciadores de uma ‘lapada’ antes do almoço, por exemplo, não há explicação para um valor tão longe da realidade brasileira. Tem qualquer coisa de errado nesta avaliação. Cachaça é a bebida original dos brasileiros. Não pode custar tão caro assim! Arivaldo Maia.
Kalina calheiros
9 anos Atrás
Eu sou muito fã da lícia, ela é muito dedicada, super profissional, é muito pratica na cozinha, e agora super chef !!!!!! Faz maravilhas ao nosso paladar, um beijo amo muito e admiro a determinação e eficiência desssa minha prima do coração ❤️❤️❤️❤️