Há oito anos, o alagoano Carlos Alves acorda às 5h30 com destino à Feirinha do Tabuleiro. Lá ele compra camarões, tomates, cebolas, batatas, pimenta e alho para preparar o seu famoso e bem encorpado molho. A iguaria é o recheio do acarajé que vende no bairro do Farol (em frente à Seune). Confesso que fiquei fã logo na primeira mordida. Carlos não era cozinheiro. Ele exercia a profissão de mecânico, mas um acidente mudou sua vida. Coube ao amigo José Antônio ensinar a tradição baiana, adaptada para a versão alagoana: sem bobó, sem vatapá e nem camarão seco.
O recheio é o camarão sem cabeça e sem calda, no molho de tomate, e com batata inglesa machucada. O recheio é tão bom que dá vontade de levar para casa e comer com arroz, no pão ou no macarrão. Ele não tem a acidez do molho do tomate caseiro. E para quem tem alergia ao camarão, não se desespere: todo dia tem de peito de frango desfiado, assim como o de charque, principalmente, nas sextas-feiras.
A massa do acarajé é crocante por fora e macia por dentro. É de comer rezando! Quando pergunto o segredo, Carlos responde: amor. E bote amor nisso! Eu comeria sem recheio.
Seu carrinho é todo arrumado e ele também tem um pouco de professor Pardal. Explico: quando o acarajé está pronto, ele coloca os bolinhos na escudeira de cuscuz e, com auxílio de um cabo de aço, levanta para o azeite dendê escorrer, diminuindo a gordura.
Outra invenção do alagoano é usar as maçanetas de portas nas tampas das panelas, o que deixa o trabalho mais ágil e fácil. Para o designer Rodrigo Ambrosio, que me apresentou Carlos, o alagoano é “Design Vernacular”, expressão usada para descrever uma forma não-acadêmica de design.
Em tempo: Ambrosio é famoso por criar cadeiras com elementos da cultura popular, inclusive a de rapadura, que virou um lanche delicioso na Semana de Design de São Paulo, em 2015.
Já Carlos é um empreender que começa às 5h30, na Feirinha do Tabuleiro para depois bater o feijão, preparar o molho e, às 14h, enfrentar ônibus levando suas panelas, balde, massa e recheio. Às16h ele abre o carrinho e até 22 horas, de segunda a sexta, vende o acarajé alagoano, pelo qual me apaixonei. Ele também conta com auxílio luxuoso de sua amada Josete Alves.
Os baianos gostam de acarajé quente (com pimenta). Em Maceió também indico a iguaria fervendo, porque o molho de pimenta não arde e dá mais sabor. A receita do Carlos leva pimenta malagueta ou olho de peixe, sempre madura, e um pouco de azeite. Como o alagoano diz, o segredo é amor. Apimentar dá mais sabor.
Rota Acarajé do Carlos
De segunda a sexta, 16 às 22h. Preço: R$ 4,00/ Não aceita cartão
No Canteiro do bairro do Farol (em frente à Seune)/ Aceita encomendas: 98826.0144/ 9827.1709/ 99680 3278
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10 comentários
Hugo
8 anos Atrás
Parabéns pela matéria, realmente uma acarajé saborosa!.
Jonathan
8 anos Atrás
A melhor de Maceió
Herbert
8 anos Atrás
Nide,voce é demais!!! Parabéns por essa preciosa dica. Esse point eu não tinha no meu Acarajé Tour, pela região metropolitana de Maceió!!!
adriano m artins
8 anos Atrás
ola nide gostaria que voce conhecesse a macarronada familiar rock lanches que funciona ha mais de 30 anos anos na rua manaus no bairro da ponta grossa diga quem indicou foi Adriano Martins (cliente).
Tiago Melo
8 anos Atrás
Realmente Adriano a macarronada do Rock lanches vale a visita da Nide. O passaporte de lá é o melhor de Maceió tem o mesmo sabor do passaporte da praça Deodoro que meu pai me levava na década de 80.
adriano martins
8 anos Atrás
com certeza e um dos melhores de maceio
emmanuelle
8 anos Atrás
Nide sou fã de suas matérias!!!
Gomez
8 anos Atrás
Parabéns Nide,lindo trabalho mostrando e valorizando nossa gastronomia
Mak Roberto
8 anos Atrás
Essas suas dicas são fantásticas. Vou conhecer.
Carlos
3 anos Atrás
Fui lá hoje comi uma com recheio de frango. Não gostei!